quarta-feira, março 21, 2007

La Vida Es un Carnaval

Todo aquel que piense que la vida es desigual,
tiene que saber que no es asi,
que la vida es una hermosura, hay que vivirla.
Todo aquel que piense que esta solo y que esta mal,
tiene que saber que no es asi,
que en la vida no hay nadie solo, siempre hay alguien.

Ay, no ha que llorar, que la vida es un carnaval,
es mas bello vivir cantando.
Oh, oh, oh, Ay, no hay que llorar,
que la vida es un carnaval
y las penas se van cantando.

Todo aquel que piense que la vida siempre es cruel,
tiene que saber que no es asi,
que tan solo hay momentos malos, y todo pasa.
Todo aquel que piense que esto nunca va a cambiar,
tiene que saber que no es asi,
que al mal tiempo buena cara, y todo pasa.

Ay, no ha que llorar, que la vida es un carnaval,
es mas bello vivir cantando.
Oh, oh, oh, Ay, no hay que llorar,
que la vida es un carnaval
y las penas se van cantando.
Para aquellos que se quejan tanto.
Para aquellos que solo critican.
Para aquellos que usan las armas.
Para aquellos que nos contaminan.
Para aquellos que hacen la guerra.
Para aquellos que viven pecando.
Para aquellos nos maltratan.
Para aquellos que nos contagian.

Translation:
Everyone out there that thinks that like is unfair,
Needs to know that's not the case,
Because life is beautiful, you just have to live it.
Everyone out there that thinks they are alone and that that's bad
Needs to know that's not the case,
Because in life no one is alone, there is always someone

Ay, there's no need to cry, because life is a carnival,
It's more beautiful to live singing.
Oh, Ay, there's no need to cry,
For life is a carnival
And your pains can be alieviated through song.

Everyone out there that thinks that life is always harsh,
Need to know that's not the case,
That there are just bad times, and it will all pass.
Everyone out there, that thinks that this will never change,
Need to know that's not the case,
The bad times will turn, it will all pass.

Ay, there's no need to cry, because life is a carnival,
It's more beautiful to live singing.
Oh, Ay, there's no need to cry,
For life is a carnival
And your pains can be alieviated through song.
For those that complain forever.
For those that only critisize.
For those that use weapons.
For those that pollute us.
For those that make war.
For those that live in sin.
For those that mistreat us.
For those that make us sick.

(http://www.stlyrics.com/lyrics/amoresperros/vidaesuncarnaval.htm)

sábado, março 03, 2007

Sacrifício e culpa

O culto da culpa judaico-cristão está de tal forma incutido que às vezes nem dou pela sua acção. Parece absurdo, mas por vezes acho que sinto culpa por me sentir bem. Acho que é tipo "não deveria estar a esforçar-me mais, sacrificar-me por qualquer coisa?". Como se devesse abdicar de me sentir bem para fazer algo por alguém.


No budismo as coisas são tão mais naturais e lógicas. Não me parece que haja esta coisa do sacrifício, a ideia é mesmo sentirmos-nos bem. Faz-se pequenas coisas pelos outros com alegria, e sabendo que a sua alegria tem como consequência a nossa, simplesmente porque é gratificante sentir alegria à nossa volta.


Por exemplo, tantas vezes que danço com mulheres velhas, feias, transpiradas e mal cheirosas, e sinto-me bem, feliz. Não há sacrifício da minha parte para que a senhora fique alegre, basta um olhar desarmado que encontra um olhar que também desarma e ficamos ambos felizes, somos iguais... e dançamos. Isto se calhar não é um bom exemplo, mas o que quero dizer é que podemos fazer coisas boas sem nos sacrificarmos, bastando para isso ter a inteligência de encontrar nelas alegria. E é bom que nos sintamos bem a fazer coisas boas, não tem lógica sentirmos-nos culpados por isso. Não é preciso perder quando se dá, pode-se sempre ganhar... se nos conhecermos o suficiente é assim que as coisas funcionam.


E porque é que estou a escrever isto? Ah, porque estou para aqui sozinho num país estranho e sinto-me bem... Será que tenho algum problema? Tenho que me esforçar mais? :-)

quinta-feira, março 01, 2007

Yoga e dança

Esta manhã lá meditei mais uma vez... ou tentei meditar. Ultimamente a minha meditação não tem sido grande coisa. Acho que é assim desde que fiquei entusiasmado pela dança. Também não danço nada bem. Em horas a dançar sinto que danço apenas uns segundos...

Mas continuo a sentir que devo explorar as duas coisas. A meditação e yoga por um lado, e a dança por outro. São duas faces de nós igualmente importantes, a meu ver. E duas formas de explorar o corpo. Estar sereno e presente é tão importante como soltar a alegria e paixão, que também em nós existe. Além disso a dança aproxima-nos das outras pessoas, novas, velhas, bonitas feias. O que importa é dançar e sorrir. A filosofia do yoga, por exemplo, por vezes afasta-nos, pois não faz sentido para as pessoas à nossa volta. Cria-se um mundo seguro, isolado... Mas como é que se concilia aquela agitação da salsa com a serenidade do yoga? Será que uma coisa prejudica a outra? Talvez seja apenas preciso encontrar um ponto de equilíbrio, entre estas minhas duas "paixões". Olha, talvez até de dê para misturar. Uns passos de salsa com posturas de yoga ou uns krias de salsa kundalini. Oh, é só seguir e intuição, ir pelo caminho do meio e tudo vai ao lugar. La vida es um carnaval, om shanti, etc, vou pra aula da salsa.

domingo, fevereiro 25, 2007

O infinito na palma da mão

Estou a ler este livro. É uma longa conversa entre um cientista que se tornou monge e um budista que se tornou cientista. Este está escrito em português, mas ainda é mais difícil de perceber que o outro.

Parece haver uma estranha coincidência entre o que diz a física moderna e a filosofia budista. Já nem sei o que é que existe. Parece que quer matéria quer consciência em termos de existência estão em pé de igualdade. Apenas há o todo e relações entre coisas que não existem por si. O que se observa depende sempre do observador. E nos instantes iniciais do big bang não se entende nada pois a mecânica quântica e a relatividade geral não se conseguem conciliar. Tudo é possível. E pode ser que o big bang seja um de muitos, embora actualmente se pense que não. E pode ser que o mundo, ou os mundos, existam desde sempre como diz o budismo. A consciência pode existir sem matéria? Os renascimentos fazem sentido? Parece que não se sabe grande coisa e tudo é possível e nada existe nem não existe. Esta vida é um grande mistério...

Condições exteriores

É o quarto fim de semana que passo neste país. Já nem me lembro que vivia num apartamento limpinho junto ao mar, antes de vir para aqui. A cozinha está sempre cheia de loiça suja, espalhada por todo o lado, há "undergraduates" nos outros quartos do apartamento :-). Tive que comprar loiça e panelas e como no quarto. Tenho tão poucas coisas, um só prato, talheres, 3 panelas... E parece que não é preciso mais nada. E se fosse para outro lugar, ainda com menos objectos de conforto? Era igual, adaptava-me ao fim de dois dias, como aqui. Sei que é temporário... e se não fosse? É interessante verificar que todos aqueles objectos de conforto que acumulamos, desaparecem e não são precisos, assim, instantaneamente, quando se mudar de lugar. Mas arranjei logo um tapete de yoga... mantenho-me alegre na mesma, faço yoga aqui no quarto, medito... É tão interessante ver como nos adaptamos, e pequenas coisas ganham outro valor. Parece que se pode estar bem em qualquer lado.

A vida mudou muito quando comprei uma bicicleta, que custou três semanas de gasolina em Portugal. Ganhei asas, passava tanto tempo a andar a pé... Uma simples bicicleta deu-me tanta alegria...

Tenho tempo demais para trabalhar, dá para cansar e fazer outras coisas. Tenho saído quase todas as noites. Danças na Universidade e fora, as pessoas são tão simpáticas em todo o lado neste país. Mas estou cansado, vou começar a sair menos. Tive uma gripe terrível há mais de uma semana, e ainda não recuperei totalmente, talvez o cansaço também seja disso. Que noite passei, gripe a sério, e não tinha paracetamol. Havia uns instantes em que o desespero diminuia um bocadinho, quando tentava fazer pranayama.

As condições exteriores podem piorar, piorar muito, e podemos ficar felizes na mesma. Há sempre um lugar em que nos podemos sentar, e com esta mania de sentar de pernas cruzadas nem é preciso cadeira, basta uma almofada. :-)

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Buddhism without beliefs

Acabei de ler este livro. A teoria do karma e renascimentos, natural no tempo do Buda, não é essencial, diz. Fala na importância da imaginação e criatividade de cada um para o que o Dharma se adapte a novas realidades e se mantenha vivo. No entanto, perdendo-se aspectos místicos, corre também o risco de ser "engolido" por qualquer outra coisa, como a psicoterapia ou o cristianismo contemplativo. E fala de instituições religiosas que procuram manter crenças para não perderem poder. Enfim, gostei, acho que tem razão em muitas coisas.

E os renascimentos? É como Deus, não sei, e não vou crer porque me dizem. Vou morrer, é a única coisa certa. Quando? Não sei. E não há maneira de garantir que não vai ser neste instante. E sou feliz. Afinal o que vai morrer? E não vejo necessidade de promessas de boas vidas futuras ou ameaças de infernos. Basta esta. E não há respostas, só há perguntas... que não pedem resposta...

Bom livro, é pena estar em inglês e não perceber quase nada do que lá esta escrito... :-)

domingo, janeiro 21, 2007

Deixar o Zorba dançar

Há quase um mês que não tenho vontade de escrever...

Gosto da ideia do "Zorba the Buda" do Osho. Por vezes é preciso deixar o Zorba dançar... Ando dedicado à dança. Tive a minha primeira actuação esta sexta no Açucar e Salsa. Foi uma experiência interessante. Uma actuação publica de bachiata num bar cheio de gente. Dancei duas vezes bachiata antes dos ensaios e a coreografia parecia-me enorme, impossível de decorar. Mas acabou por correr tudo bem, foi muito divertido. O filme:

Agora sinto que estou a melhorar muito depressa na salsa. É um raio de uma dança complicada, cheia de voltas e malabarismos. Finalmente começo a sentir a musica e a sentir que danço no meio daquela confusão de braços e voltas. Cheguei a pensar que não era possível.

Dia 2 de Fevereiro vou para Londres e a vontade de escrever deve voltar. Por agora vou fazendo os meus vinte minutos matinais de meditação e partilhando o sukkha com a dança...

segunda-feira, dezembro 25, 2006

Buda e Patanjali

Finalmente comecei a ler o "Mindfulness Yoga, the awakened union of breath, body and mind" de Frank Jude Boccio, e estou a gostar por vários motivos (obrigado pela recomendação Sagara!).

Sempre me pareceu haver muita semelhança mas também uma certa oposição entre o Yoga Sutra do Patanjali e o ensinamento de Buda. Parece que o autor do livro tinha o mesmo problema e estudou tudo, o yoga hindu, o yoga budista e escreveu um livro. Que sorte! Traduzo umas frase a seguir para não me esquecer:

"É interessante que, enquanto que a maior parte das formas de yoga (pre-clássicas e pos-clássicas) tendem ao pensamento não-dualista, o yoga clássico de Patanjali, aliado à escola dualista Samkhya Darshana, é ele próprio dualista. Patanjali fala numa bifurcação estrita entre o espírito (purusha) e a natureza ou matéria (prakriti). Neste sistema, parecem existir inúmeros purushas e o essencial do ensinamento e prática do Yoga Sutra é que o praticante cultive o discernimento (viveka) entre o purusha transcendente e tudo o que é "não eu" (anatman); isto inclui todo o organismo psico-fisiológico, o qual faz parte do prakriti (note-se que o significado da palavra anatman como usada por Patanjali é ligeiramente diferente do seu significado em textos budistas).

Portanto aqui, ironicamente, o yoga torna-se uma espécie de separação e abandono dos fenómenos ou realidade relativa até que o yogini recupere o seu verdadeiro eu. De facto, comentários ao Yoga Sutra disserem (o que parece desconcertante, como um koan Zen) que "yoga é viyoga" - união é separação!

Quer escolhamos aderir à metafisica de Patanjali ou não, este processo de discernimento, ou viveka, está presente também em escolas não-dualistas de yoga, Vedanta e Budismo. Portanto, mesmo para budistas não-dualistas, o estudo do Yoga Sutra dualista de Patanjali pode ser ricamente recompensador. Adicionalmente, muitos nas tradições Védicas e tântricas, defendem que Patanjali pretendeu apenas oferecer um modelo de prática e não uma ontologia independente.

A fluidez de interpretação, e tolerância para a contradição e paradoxo, são factores fortes encontrados em todos os ensinamentos de yoga."

...

"Desde o seu primeiro ensinamento de Dharma ao último, que o Buda sempre disse que o Caminho Octuplo é a forma de nos libertarmos de vez do dukkha (nota do tradutor, eu: aquela insatisfação de fundo lixada, que teima em não nos deixar).

Setecentos anos mais tarde, Patanjali, para criar uma escola sistemática e coerente de yoga a partir da enorme variedade de ensinamentos de yoga existentes, e talvez sob a influencia do Budismo, que era uma força importante na India na altura, escreveu o Yoga Sutra, e codificou a prática principal como Ashtanga Yoga (yoga dos oito membros)."

Moral da história, podemos contar pelos dedos sem usar os polegares. :-)

Estou a achar este "yoga da atenção plena" mesmo interessante, uma integração perfeita de Budismo e Asanas. Vou continuar a ler alegremente...

domingo, dezembro 17, 2006

Nem sempre é assim

É divertido que encontrei e comecei a ler um livro Zen com o título "Nem sempre é assim", logo após escrever o post em que repetia a frase "é mesmo assim".

A sensação que tenho é que uma pessoa que comece a ler livros destes, sobre Zen, sem ter lido livros sobre budismo, tipo "O ensinamento de Buda", por exemplo, fica sem perceber nada de budismo. Bom, mas talvez faça também sentido ler Zen primeiro, sei la. Eu acho interessante o "largar o budismo e acordar já" do Zen. :-)

Há esta ideia que me parece particularmente interessante. A realidade é aquilo que se experimenta antes de se catalogar. As coisas acontecem, experimentam-se, depois descrevemos, catalogamos, julgamos, devia ser, não devia ser. Isso já não é a realidade. Ao observar uma flor, antes de a descrever, antes de pensar, ai está a realidade. É interessante... Mas parece que estamos convencidos que a realidade é a arrumação intelectual, a catalogação que fazemos das coisas, depois de acontecerem. É como se fosse preciso processar a realidade e simplifica-la para encaixar na nossa limitada conceptualização para que ela se torne real!

Não é um descanso saber que a realidade é, que não é preciso fazer nenhum esforço para a criar? A mim faz-me sentir em paz. Mas se calhar é só por ser alentejano, isto de não ter que fazer nada é mesmo apelativo! Excelente religião para alentejanos! Eheh, tou a brincar, claro que a ideia não é não fazer nada, faz-se tudo na mesma, a motivação é que fica mais... pura.

É mesmo assim... nem sempre é assim... é mesmo assim...

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Om mani padme hum

Já cantei muitos mantras em aulas de yoga. Mas este é mesmo o meu preferido. Nem sei bem o que significa, já li sobre tantas interpretações diferentes.

Para mim exprime um desejo de desenvolvimento de amor incondicional, de sabedoria e das duas coisas em simultâneo. Enfim, um desejo de despertar, de progredir na remoção de obstáculos que nos impedem de estar de coração aberto e também de aceitar as coisas tal como são.

No retiro com o Sagara gostei tanto de cantar este mantra. Repetia-se quatro vezes numa melodia muito bonita. Infelizmente não me lembro precisamente da melodia. Já procurei na net, encontrei muitas melodias, mas não esta :-(

Quero cantar outra vez! :-)