domingo, agosto 21, 2005

Fui salvo!

Esta manhã fui salvo por um nadador salvador de mota de água. Ia eu calmamente do paredão para o 7o ano quando apareceu uma mota de água a grande velocidade. Fiquei preocupado pois pensei que me ia passar por cima. Depois o gajo viu-me e veio salvar-me. Eu disse-lhe que estava tudo bem e estava só a nadar mas ainda assim convidou-me a subir para cima da prancha a reboque da mota. Após perguntar se estava mesmo a falar a sério lá subi. Foi mesmo divertido, muito perto da água a velocidade parece enorme. Ao chegar perto da areia desci e percebi que havia uma multidão a ver umas pessoas em dificuldades. Acho que pensaram que eu fazia parte do grupo e já tinha sido arrastado por uma terrível corrente.

As pessoas entram em panico porque não se rendem. Tantas vezes que penso que estou demasiado longe e com demasiado frio para conseguir voltar para a praia. Mas basta relaxar, sentir que não há nada a perder pois não há nada que realmente se tenha, basta ver as coisas como são. A energia surge então, e só para nadar... calmamente. Deve ser com teorias como esta que o pessoal depois se afoga.

Um evento a registar, diverti-me.

sexta-feira, agosto 05, 2005

Rendição

Aumentar o silêncio entre pensamentos, sentir o silêncio... a paz. Momentos de paz ao meditar. Paz que fica... como uma suave melodia de fundo.

No contacto com as pessoas não reagir... ser, estar presente... rendido ao presente... o apoio e a oposição geram conflitos... Não dualidade... aceitação... rendição.

Tomar a rendição como ponto de partida de qualquer acção... e qualquer acção é uma acção positiva... aceitar e depois agir, naturalmente... em paz... rendido ao presente...

No momento... o vazio... o infinito... a paz... o amor. A rendição ao agora é não oferecer resistência à vida e sentir assim a alegria que está para além da felicidade e da tristeza. É a única forma de estar realmente vivo.

Rendo-me! :-)

sábado, julho 16, 2005

Não eu

Os pensamentos que por mim passam, não sou eu. As emoções, não sou eu. As sensações, não sou eu. O que sou eu? Um fluxo de pensamentos, emoções, sensações... Não há nada permanente, um eu. Um pensamento sucede outro, porquê procurar coerencia, um eu? Ao meditar queremos acabar com a tagarelice da mente. Conseguir ver para além das palavras. Palavras... perde-se sempre tanto... alguma vez irá existir uma forma de comunicação melhor? Ao reflectir, procuramos consistência, um eu. Não há contradições, há apenas estados diferentes no fluxo. Para quê uma imagem coerente para os outros? Natural, sem crosta, quem não gostar de mim não gosta, e quem gostar, é de mim, do fluxo que sou eu, que gosta. E ao remover tudo o que impede o acesso directo ao fluxo, que se veja um fluxo que caminha para o amor universal.

Enfraquecendo cada vez mais o ego, poderei sentir mais vezes que "não quero nada, não espero nada, não desejo nada, sou livre".

quinta-feira, julho 14, 2005

O carvalho no jardim

O que é que me aconteceu afinal? Vi um programa de televisão sobre a vida de Buda. Fiquei estupefacto por constatar que há dois mil e quinhentos anos exitiu um individuo que pensou de forma tão semelhante à minha e partiu da situação em que eu estava. Quero conhecer budistas. O mais próximo que encontro é ioga e meditação. Aulas de ioga, meditação, já não sou a mesma pessoa. Levarei isto demasiado a sério? Uma paixão, o ioga, o renascimento. Vivo sem stress, despreocupado. O futuro não me preocupa, não espero nada, não desejo nada. Estou por aqui, descansado. Não me importa se vivo, se morro, e assim sinto-me bem. Tanta leveza. Onde irei pousar? Quem me dera ficar sempre assim, a pairar, até desaparecer subitamente.

Sinto o corpo, o alinhamento do corpo quando caminho. Como pouco, devagar, a fome não me incomoda, evito comer, como apenas para evitar problemas de nutrição, perco peso, e quero perder peso. Medito. Procuro o lago tranquilo, o fim da razão, a experimentação directa, a iluminação? Não sei se procuro alguma coisa. Estou simplesmente por aqui, a caminhar, sem pressa.

Escrevo sem pensar, não quero pensar. Não falo da mesma forma com as pessoas. Já não me protejo. Cada vez temo menos o ridiculo, enfraqueço o ego, sinto-me livre. Escrevo o que me apetece, não temo julgamentos. Basta-me ser sincero, considerem-me ingenuo, ridiculo, pouco me importa. Quero apenas ver as pessoas como semelhantes, toca-las directamente. Boa intenção, sem medo.

Ioga e meditação, para alguém predisposto, tanta mudança em tão pouco tempo. É pena não ter vindo parar aqui mais cedo. Uma caminhada a passos largos e serenos. Onde irei parar? Irei parar?

O carvalho no jardim

Ou seja

Paixões são fabricações do espirito. O amor constroi-se.

Tenho que dizer isto muitas vezes, tipo mantra.

domingo, julho 10, 2005

A Arte do Amor

Jiro foi camponês e depois samurai. Matou o senhor de um feudo que conquistou, o pai de Jun. Decidiu casar com Jun para conseguir a confiança do povo do feudo conquistado. Num casamento assim não pode haver felicidade.

Uma concubina é incubida de ensinar a ambos a Arte do Amor, um segredo das melhores concubinas, que serve para que dois amantes aprendam a amar-se.

Começa por ensinar-lhes um pouco de Tantra, a parte que se refere ao sexo dos deuses.

"No Tantra não há pecado. A única falta é não deixarmos o amor fluir. E essa é uma grande falta. Uma falta que nos deixa vazios e desorientados. Com amor, sentimo-nos preenchidos e felizes. Também preenchemos o outro e geramos felicidade à nossa volta.

No Tantra não há culpa. A culpa é um conceito cómodo de quem não sabe compreender um ser humano. É um conceito ignorante e gerador de injustiças..."

Há qq coisa em comum com a canção: "... o amor, não é o tempo nem é o vento que o trás, o amor, é o momento em que me dou, em que te dás..."

segunda-feira, julho 04, 2005

OM AH HUNG

Um budista, que fala com o coração aberto. Eu nunca abraço ninguém, mas despedi-me dele com um abraço. Também quero abrir o meu coração e abraçar todas as pessoas do mundo!

sábado, julho 02, 2005

quinta-feira, junho 30, 2005

Correr na praia

Olaria, vou buscar bebida ao balcão e aparece uma rapariga logo a seguir. Põe uma moedas em cima do balcão, pede um carioca e o barman pergunta-lhe se quer mesmo isso. Ela diz que queria antes uma imperial mas as moedas não chegam, vira-se para mim e refere o ridículo da situação. Usa a estratégia de sempre, conhece o barman, procura um homem qualquer, que lhe pague. Apenas sorri. Sexo pago, para mim deve haver no mínimo atracção física e respeito para haver sexo, embora respeite quem não exige tanto. Há algum interesse na vida nocturna... pessoas estranhas... mas também é tão ridículo. Homens de pé que se babam olhando para as mulheres. Mulheres sentadas, com ar de pavão. Eu não sou daqui, cheguei agora, e parece-me tudo tão primitivo...

Bebi duas cervejas ontem à noite, esta manhão senti-me barrigudo e fui correr. Saí de casa, percorri o paredão e voltei. Só dez minutos?... Vou até à Costa Nova. E assim fiz, à beira mar na areia dura, depressa cheguei ao paredão sul da Costa. Chovia e estava todo ensopado. Não parei, voltei, e continuei a correr, no meio da chuva, das gotas vindas do mar e das lágrimas. Queria cair no chão, ser um monte de sal, dissolver-me na agua do mar e ao mesmo tempo nas memórias de todas as pessoas que me conhecem. Morrer sem ter nascido, nunca ter existido. Depressão? Toma Prozac e continua a produzir riqueza. Prefiro chamar-lhe dukkha, continuar saudável e sentir cada vez mais...

A praia de manhã é interessante, não tem pessoas, vou para lá mais vezes. Bom para a surya namaskar, ainda que se tenha que imaginar o surya, como esta manhã...

As pessoas falam tanto, escrevem tanto. Quantas pessoas terão escrito o que estou a escrever agora? Porque não fico apenas sentado, sem fazer nada? É sabido que é a melhor maneira de não contribuir para a desordem...

quarta-feira, junho 29, 2005

Paredão revisited

Hoje fui para lá antes das 9. Não parece o mesmo lugar, não há pessoas, não há bares, há a luz e o silencio das ondas. E lá estive no primeiro banquinho, sentado sem me mexer, a olhar em frente e a sentir-me muito vivo e tranquilo...

Anck Su Namun! Já não sei se é nesta vida que nos vamos reunir... Sonhar, sonhar... O que é realidade e fantasia? Pouco importa, quando a fantasia se concretiza perde progressivamente a magia, e morre, torna-se real. Quero manter-me vivo e sonhar, consciente que sonho, vivendo no presente...

Mas que raio estou eu para aqui a escrever?

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terça-feira, junho 28, 2005

Amor eterno

Aqui posso ser quem quiser...agora sou o Imhotep...acredito no amor eterno...e espero que Anck Su Namun se recorde de mim...

segunda-feira, junho 27, 2005

Dois dias na Barra

Não sei bem o que me leva a escrever coisas sobre mim num blog que todas as pessoas podem ver. Terei a presunção de poder escrever alguma coisa que interesse a alguém? Vou só contribuir para o aumento do lixo na internet mas na verdade nem quero saber...

Há dois dias que vivo na Barra, sozinho num apartamento vazio, sem água e sem luz. No quarto tenho uma espuma fina para dormir e uma mala com roupa. Também tenho um rádio, um tapete para o yoga e uma almofada indiana. Ouço musica relaxante, medito e faço yoga. Sinto-me bem sozinho no quarto e sozinho no meio dos veraneantes alegres que não conheço. Não sei o que aconteceu ao medo da solidão, se esta paz e este sossego, que não me lembro de ter antes, vão durar.

O apartamento vazio faz-me lembrar o inter rail. Recordo-me de pensar que podia andar de comboio a vida toda, a improvisar, sem conforto, sem nada, sem parar. Uma almofada e uma parede branca...complicar para quê? É um apartamento Zen e quero que continue assim.

Ontem resolvi nadar até à Costa Nova. Em menos de meia hora fiquei cheio de frio e saí da água, não cheguei à Costa. Estava um nadador salvador à minha espera, zangado. Parece que me acompanhou durante todo o percurso. Ainda lhe expliquei que nadava longe para não incomodar os surfistas, mas não adiantou, ficou zangado na mesma. Suponho que também não ia adiantar se lhe explicasse que não me importava de morrer afogado. Fosse morrer para uma praia não vigiada. Hoje fui novamente a caminho da Costa Nova, as ondas estavam pequenas e pude nadar perto da costa evitando os surfistas e os nadadores salvadores...mas não o frio. Não avancei para além da meia hora, mas desta vez voltei a nadar, mesmo com frio. Nunca vou chegar à Costa Nova, desisto. Talvez com um fato térmico conseguisse contornar os surfistas, evitar os nadadores salvadores e vencer o frio, mas assim não tinha interesse.

É bom sair de casa à noite e percorrer o paredão, fica-se no meio do mar. O mar à noite faz-me sempre sentir um arrepio no peito e sonhar com histórias de marinheiros e tempestades no mar alto. Mas não gosto das pontas do paredão, no início há o barulho dos bares e no fim o cheiro a mijo. Divertem-me os casais que por lá passeiam no escuro, fazem-me lembrar da intensidade das paixões acabadas de nascer...condenadas quase sempre a uma curta existência.

Vou voltar para lá...