segunda-feira, dezembro 25, 2006

Buda e Patanjali

Finalmente comecei a ler o "Mindfulness Yoga, the awakened union of breath, body and mind" de Frank Jude Boccio, e estou a gostar por vários motivos (obrigado pela recomendação Sagara!).

Sempre me pareceu haver muita semelhança mas também uma certa oposição entre o Yoga Sutra do Patanjali e o ensinamento de Buda. Parece que o autor do livro tinha o mesmo problema e estudou tudo, o yoga hindu, o yoga budista e escreveu um livro. Que sorte! Traduzo umas frase a seguir para não me esquecer:

"É interessante que, enquanto que a maior parte das formas de yoga (pre-clássicas e pos-clássicas) tendem ao pensamento não-dualista, o yoga clássico de Patanjali, aliado à escola dualista Samkhya Darshana, é ele próprio dualista. Patanjali fala numa bifurcação estrita entre o espírito (purusha) e a natureza ou matéria (prakriti). Neste sistema, parecem existir inúmeros purushas e o essencial do ensinamento e prática do Yoga Sutra é que o praticante cultive o discernimento (viveka) entre o purusha transcendente e tudo o que é "não eu" (anatman); isto inclui todo o organismo psico-fisiológico, o qual faz parte do prakriti (note-se que o significado da palavra anatman como usada por Patanjali é ligeiramente diferente do seu significado em textos budistas).

Portanto aqui, ironicamente, o yoga torna-se uma espécie de separação e abandono dos fenómenos ou realidade relativa até que o yogini recupere o seu verdadeiro eu. De facto, comentários ao Yoga Sutra disserem (o que parece desconcertante, como um koan Zen) que "yoga é viyoga" - união é separação!

Quer escolhamos aderir à metafisica de Patanjali ou não, este processo de discernimento, ou viveka, está presente também em escolas não-dualistas de yoga, Vedanta e Budismo. Portanto, mesmo para budistas não-dualistas, o estudo do Yoga Sutra dualista de Patanjali pode ser ricamente recompensador. Adicionalmente, muitos nas tradições Védicas e tântricas, defendem que Patanjali pretendeu apenas oferecer um modelo de prática e não uma ontologia independente.

A fluidez de interpretação, e tolerância para a contradição e paradoxo, são factores fortes encontrados em todos os ensinamentos de yoga."

...

"Desde o seu primeiro ensinamento de Dharma ao último, que o Buda sempre disse que o Caminho Octuplo é a forma de nos libertarmos de vez do dukkha (nota do tradutor, eu: aquela insatisfação de fundo lixada, que teima em não nos deixar).

Setecentos anos mais tarde, Patanjali, para criar uma escola sistemática e coerente de yoga a partir da enorme variedade de ensinamentos de yoga existentes, e talvez sob a influencia do Budismo, que era uma força importante na India na altura, escreveu o Yoga Sutra, e codificou a prática principal como Ashtanga Yoga (yoga dos oito membros)."

Moral da história, podemos contar pelos dedos sem usar os polegares. :-)

Estou a achar este "yoga da atenção plena" mesmo interessante, uma integração perfeita de Budismo e Asanas. Vou continuar a ler alegremente...

5 comentários:

Avusa disse...

que o dukkha se extinga em ti e que surja o sukkha (felicidade)

Daterra disse...

Estou convencido que a essência de todas as práticas, qualquer que seja o nome atribuido, é a atenção plena.

Ou seja, viver pode ser uma excelente prática:)

Abraço

Anónimo disse...

Boa leitura para ti...

Que em 2007 sejas um ser ainda mais consciente em todas as tuas acções e pensamentos para que todos juntos na nossa Nave Terra possamos elevar a vibração do mundo a um nível mais luminoso, mais ecológico e sustentável...

Um bom ano Terrestre em 2007 para ti.

ISABEL Mar disse...

ajudas-me na divulgação desta festa?
obrigada : )
http://isabelbodhisattva.blogs.sapo.pt/

Anónimo disse...

Hi,

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