terça-feira, outubro 03, 2006

Primeira aula

Gostei muito da primeira aula. Ouve alturas em que senti muita pena de não ter levado toda a gente comigo pro curso!

O Sagarapriya fala com muita clareza e tem um excelente sentido de humor. E deve ser muito difícil não gostar dele. Eu estava um pouco curioso em como seria um curso de meditação, pois é suposto estar-se calado quando se medita. Bom, no curso a meditação é guiada, e depois temos os trabalhos de casa para fazer em silêncio.

Começámos por perguntar a nós próprios o que pretendíamos com a meditação. Depois falámos com a pessoa do lado sobre isso, e a seguir algumas pessoas falaram para todos. As motivações de todos são naturalmente profundas...

Comemos três passas cada um. Observando, cheirando, ouvindo, saboreando... E depois falámos da experiência. Algumas pessoas não gostavam de passas.

A ideia era notar, sentir, estar atento ao que se está a fazer. Falou-se na inconsciência em que normalmente estamos mergulhados, de tal modo que nem sabemos por onde a mente andou.

E quem não gosta de passas teve a oportunidade de não se identificar com o "não gostar" e comer as passas. Assim até é mais interessante observar. Isto fez-me lembrar aquela ideia para mim muito útil de encarar as adversidades como oportunidades, desafios, para poder melhorar, transcender a limitação, em vez de ficarmos apenas incomodados com o desagrado que provocam. Quando se conseguem ver as coisas assim é um sossego. Em vez da ansiedade de querer que as coisas sejam como gostamos, podemos ficar abertos, receber cada coisa como é, e explorar a experiência o melhor possível. Aceitar as coisas como são é tão importante, é o fim da ansiedade. Mas parece que fazemos um esforço para que as coisas sejam como queremos, como se a vontade de as mudar só por si tivesse algum efeito, além de apenas nos causar mau estar.

Confesso que na primeira passa, além de estar atento à passa, estava também a tentar adivinhar o objectivo da experiência, e lembrei-me da cerimónia do chá, da prática da atenção vigilante... É típico, em vez de sentir a coisa, por vezes penso sobre ela. Mas as outra duas já correram melhor.

Depois fizemos a postura sentado e meditação de plena atenção ao corpo. Como trabalho de casa ficou esta meditação sentada de atenção ao corpo por um lado, e por outro a prática do notar, estar no momento presente, a sentir, a experimentar, que se pode fazer em qualquer altura.

Eu já faço isto, especialmente em relação à negatividade de pensamentos e emoções. Procuro a todo o instante observar logo que surgem, e adoptar de imediato uma perspectiva mais abrangente, que me permite, com um sorriso meio idiota na cara, eliminar a negatividade quase de imediato, e continuar a apreciar.

Acho que, mesmo em relação ao budismo, o meu maior problema é pensar mais que sentir. Estou convencido que a meditação, especialmente a meta, pode ajudar nisto. Queria mesmo poder aproximar-me mais das pessoas e senti-las de modo a ser-lhes útil. Não todos os seres, as pessoas com quem falo... E isto não é armar em bonzinho. Acredito mesmo que é a melhor maneira de cultivar as causas de felicidade, das outras pessoas e também a minha. Hum, vamos ver se o curso ajuda...

1 comentário:

Avusa disse...

Tens aqui a resposta à minha pergunta no teu post seguinte!

Fiz o curso com o Sagara em Junho do ano passado. Também comi as passas. :)

E desde aí que tenho o privilégio de o acompanhar todas as terças-feiras na UBP de Lisboa. É um privilégio mesmo, pois o Sagara para além de ser uma pessoa muito cativante e inspiradora, é também um bom amigo. Acho que podemos aprender muito com ele.

Muita Metta