"The Buddha refused to have any dealings with those things which don't lead to the extinction of Dukkha. Take the question of whether or not there is rebirth. What is reborn? How is it reborn? What is its kammic inheritance? (kamma-is volitional action by means of body, speech or mind.) These questions are not aimed at the extinction of Dukkha. That being so, they are not Buddhist teaching and they are not connected with it. They do not lie in the sphere of Buddhism. Also, one who asks about such matters has no choice but to indiscriminately believe the answer he is given, because the one who answers is not going to be able to produce any proofs, he's just going to speak according to his memory and feeling. The listener can't see for himself and so has to blindly believe the other's words. Little by little the matter strays from Dhamma until its something else altogether, unconnected with the extinction of Dukkha."
Buddhadasa Bhikkhu
sexta-feira, abril 03, 2009
quarta-feira, março 18, 2009
Meditação na Universidade de Aveiro
Desde o dia 10 de Fevereiro que um pequeno grupo de pessoas se junta na Universidade de Aveiro para meditar.
Sempre me pareceu que um seminário na Universidade é um lugar ideal para a prática de meditação. Conversamos com o Padre Alexandre que gentilmente nos acolheu e nos autorizou a usar uma salinha no CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura) todas as terças das 18 às 19:30.
O grupo não é Cristão nem Budista nem de outra religião qualquer. O que nos une é apenas o interesse pela meditação e a vontade de praticar em grupo.
Não existe nenhum mestre no grupo. E os encontros têm corrido bem assim. Sem nenhuma espécie de planeamento o que tem acontecido é uma prática de meia hora de meditação sentada (alguns no chão outros em cadeiras) seguida de uma prática de meditação a andar (uma volta à sala, lentamente) e depois conversamos um bocadinho.
As principais fontes de inspiração do grupo actual talvez sejam o Budismo (da tradição Theravada) e Krishnamurti. Mas a ideia é manter o grupo aberto a quem tem interesse por meditação. O espírito não é de cultivo de crenças mas sim de abertura...
Quando aparece alguém sem experiência da meditação (já aconteceu) alguém no grupo dá indicações.
Para praticar connosco basta aparecer na entrada do CUFC (ao lado do seminário) às terças entre as 18:00 e as 18:10.
Sempre me pareceu que um seminário na Universidade é um lugar ideal para a prática de meditação. Conversamos com o Padre Alexandre que gentilmente nos acolheu e nos autorizou a usar uma salinha no CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura) todas as terças das 18 às 19:30.
O grupo não é Cristão nem Budista nem de outra religião qualquer. O que nos une é apenas o interesse pela meditação e a vontade de praticar em grupo.
Não existe nenhum mestre no grupo. E os encontros têm corrido bem assim. Sem nenhuma espécie de planeamento o que tem acontecido é uma prática de meia hora de meditação sentada (alguns no chão outros em cadeiras) seguida de uma prática de meditação a andar (uma volta à sala, lentamente) e depois conversamos um bocadinho.
As principais fontes de inspiração do grupo actual talvez sejam o Budismo (da tradição Theravada) e Krishnamurti. Mas a ideia é manter o grupo aberto a quem tem interesse por meditação. O espírito não é de cultivo de crenças mas sim de abertura...
Quando aparece alguém sem experiência da meditação (já aconteceu) alguém no grupo dá indicações.
Para praticar connosco basta aparecer na entrada do CUFC (ao lado do seminário) às terças entre as 18:00 e as 18:10.
terça-feira, novembro 04, 2008
A morte
Foi a consciência de que a morte existe, assim como o envelhecimento e as doenças, e o sofrimento em geral, o mais importante que me aconteceu quando me comecei a interessar por budismo. Isto é essencial na vida e, assim como eu, todos os outros estão sujeitos ao mesmo! Isto originou em mim uma profunda mudança de perspectiva. Podia não ter passado de mais uma frase: "todos os seres sofrem". Mas não foi assim.
E essa mudança de perspectiva solucionou os meus mais terríveis problemas na vida: a condução agressiva e a timidez. Note-se que estes dois problemas juntos tornavam dificil o meu encaixe no DSM IV pelos especialistas de saúde mental. Não tinham etiqueta para me colocar, eheh.
Por isso para mim a consciência de que a morte existe é essencial. É algo a ter presente. A alternativa é arranjar distracções e evitar pensar nisso. Mas não me satisfaz.
No entanto, embora nesta margem não haja duvida de que existe a morte, parece que na outra margem, de algum modo não existe esta morte. Consigo imaginar que se eu conseguir "ver" que de facto tudo morre em cada instante, que eu morro e renasço em cada instante, então talvez se atenue esta distinção entre as "pequenas mortes" que a todo o momento ocorrem e a "grande morte" final.
Mas como diria o Buda, especular sobre o que é a iluminação não é conducente à iluminação. Nesta margem é claramente vantajoso estar consciente da morte e do sofrimento. Vamos remover a seta ou ficar a imaginar como vai ser bom quando ela for removida?
E essa mudança de perspectiva solucionou os meus mais terríveis problemas na vida: a condução agressiva e a timidez. Note-se que estes dois problemas juntos tornavam dificil o meu encaixe no DSM IV pelos especialistas de saúde mental. Não tinham etiqueta para me colocar, eheh.
Por isso para mim a consciência de que a morte existe é essencial. É algo a ter presente. A alternativa é arranjar distracções e evitar pensar nisso. Mas não me satisfaz.
No entanto, embora nesta margem não haja duvida de que existe a morte, parece que na outra margem, de algum modo não existe esta morte. Consigo imaginar que se eu conseguir "ver" que de facto tudo morre em cada instante, que eu morro e renasço em cada instante, então talvez se atenue esta distinção entre as "pequenas mortes" que a todo o momento ocorrem e a "grande morte" final.
Mas como diria o Buda, especular sobre o que é a iluminação não é conducente à iluminação. Nesta margem é claramente vantajoso estar consciente da morte e do sofrimento. Vamos remover a seta ou ficar a imaginar como vai ser bom quando ela for removida?
segunda-feira, setembro 22, 2008
A caminho
Passei o fim de semana num retiro de silêncio orientado pelo Ricardo Sasaki.
Parece-me tudo tão claro. Algumas pessoas são mais adaptadas. Querem um bom emprego, um bom carro, uma boa casa e uma família... mas há outras mais insatisfeitas. Como estou no segundo grupo para mim é clara a necessidade de mudar alguma coisa. Não é o mundo que tenho que mudar mas sim a minha própria mente.
O Budismo não me dá um sistema de crenças, não me dá respostas para nada. Mas dá-me técnicas para transformar a mente, uma orientação. O Budismo Theravada, que procura basear-se apenas no ensinamento original do Buda, parece ter uma abordagem quase científica ao problema. Parece que o Buda não era muito dado a rituais e crenças, isso surgiu depois...
Acredito na meditação, é a minha crença. Acredito que pode transformar a mente. Mesmo as tendências mais enraizadas que nos fazem sofrer, que geram insatisfação. Como o exercício físico pode transformar o corpo, a meditação pode transformar a mente. Treinado podemos ficar mais sábios. Acumular conhecimentos não nos torna mais sábios. Mas meditar pode tornar.
O caminho pode ser longo, mas o que importa não é chegar, é cada passo. É a atenção que se dedica a cada instante, a cada pressionar destas teclas, a tudo o que acontece em cada momento.
Parece tão simples. Porque é que às vezes é tão complicado? Porque é que ficamos mergulhados nesta tagarelice mental, nesta constante projecção de filmes mentais e nem sabemos o que estamos a fazer e o que está a acontecer? Porque motivo não praticamos para nos libertarmos desta tendência doentia?
Já há algum tempo que mantenho uma prática diária de meditação e este retiro reforçou a minha motivação para continuar.
A caminho...
Parece-me tudo tão claro. Algumas pessoas são mais adaptadas. Querem um bom emprego, um bom carro, uma boa casa e uma família... mas há outras mais insatisfeitas. Como estou no segundo grupo para mim é clara a necessidade de mudar alguma coisa. Não é o mundo que tenho que mudar mas sim a minha própria mente.
O Budismo não me dá um sistema de crenças, não me dá respostas para nada. Mas dá-me técnicas para transformar a mente, uma orientação. O Budismo Theravada, que procura basear-se apenas no ensinamento original do Buda, parece ter uma abordagem quase científica ao problema. Parece que o Buda não era muito dado a rituais e crenças, isso surgiu depois...
Acredito na meditação, é a minha crença. Acredito que pode transformar a mente. Mesmo as tendências mais enraizadas que nos fazem sofrer, que geram insatisfação. Como o exercício físico pode transformar o corpo, a meditação pode transformar a mente. Treinado podemos ficar mais sábios. Acumular conhecimentos não nos torna mais sábios. Mas meditar pode tornar.
O caminho pode ser longo, mas o que importa não é chegar, é cada passo. É a atenção que se dedica a cada instante, a cada pressionar destas teclas, a tudo o que acontece em cada momento.
Parece tão simples. Porque é que às vezes é tão complicado? Porque é que ficamos mergulhados nesta tagarelice mental, nesta constante projecção de filmes mentais e nem sabemos o que estamos a fazer e o que está a acontecer? Porque motivo não praticamos para nos libertarmos desta tendência doentia?
Já há algum tempo que mantenho uma prática diária de meditação e este retiro reforçou a minha motivação para continuar.
A caminho...
sexta-feira, agosto 29, 2008
O optimismo do budismo
Em resumo, esta vida é insatisfatória. E podemos contar com muitas formas de insatisfação e sofrimento no futuro. Além disso não vai terminar com a morte. Não, não é assim tão simples. Vamos voltar a nascer para sofrer mais ainda. E vai ser assim por milhões de anos, se meditarmos muito. No entanto há-de chegar o dia em que não voltamos a nascer.
Mas não há problema pois só temos que lidar com o sofrimento do momento presente. Nas muitas vezes no futuro em que vamos morrer queimados, ter escaldantes metais liquidos derramados para dentro dos nossos futuros corpos, perder subitamente pessoas queridas e todas os outras imaginaveis formas de sofrimento fisico e mental, pelas quais já passamos também no passado, podemos preocuparnos apenas com o momento presente.
Não é tão bom? Saber que so temos que lidar com o presente e que um dia isto vai tudo terminar? Mas note-se que não temos que acreditar nisto porque nos dizem. É possivel ver que é de facto assim, meditando.
Ainda bem que no "fluxo de consciência individual" que passa de umas vidas para as outras não são transportadas recordações das torturas das vidas anteriores, pelo menos a nível consciente.
Será mesmo seguro meditar?
Mas não há problema pois só temos que lidar com o sofrimento do momento presente. Nas muitas vezes no futuro em que vamos morrer queimados, ter escaldantes metais liquidos derramados para dentro dos nossos futuros corpos, perder subitamente pessoas queridas e todas os outras imaginaveis formas de sofrimento fisico e mental, pelas quais já passamos também no passado, podemos preocuparnos apenas com o momento presente.
Não é tão bom? Saber que so temos que lidar com o presente e que um dia isto vai tudo terminar? Mas note-se que não temos que acreditar nisto porque nos dizem. É possivel ver que é de facto assim, meditando.
Ainda bem que no "fluxo de consciência individual" que passa de umas vidas para as outras não são transportadas recordações das torturas das vidas anteriores, pelo menos a nível consciente.
Será mesmo seguro meditar?
terça-feira, agosto 26, 2008
O caminho do meio

Acabei hoje de ler este livro. Parece que o encontrei mesmo na altura certa. A última das quatro sublimes verdades é "o caminho do meio". Este livro é sobre isso.
Embora simpatize com o Budismo Tibetano e o Budismo Zen, tenho claramente mais inclinação para o Theravada. Tenho lido tantos livros sobre budismo. Talvez ainda leia outros mas sinto que de certa forma este foi o último. Já não saber mais que as quatro nobres verdades e o caminho aqui descrito. Quero apenas praticar...
Embora simpatize com o Budismo Tibetano e o Budismo Zen, tenho claramente mais inclinação para o Theravada. Tenho lido tantos livros sobre budismo. Talvez ainda leia outros mas sinto que de certa forma este foi o último. Já não saber mais que as quatro nobres verdades e o caminho aqui descrito. Quero apenas praticar...
segunda-feira, junho 16, 2008
De scooter
Consumo: ainda não estive a medir... mas a potência da fonte é 300w e no máximo demora umas oito horas a carregar. Por isso deve bastar multiplicar o preço do kw/h por 8*0,3.
Autonomia: não medi isto devidamente, mas sempre na velocidade máxima, suponho que seja pouco mais que 40km. Como moro apenas a 10km do trabalho, não é coisa que me preocupe. Já andei até descarregar quase totalmente a bateria. Não pára de repente. Vai andando cada vez mais devagar e depois liga e desliga. Ainda fiz uns três kilometros quase sem bateria.
Velocidade: na zona de Aveiro, plana, aguenta-se a 47,5km/h com uma pessoa (70 kg) e a 45km/h com duas (120kg).
Gozo: é muito agradável saber que se está a andar no veículo mais ecológico e económico que existe. Antes desta scooter tive uma Honda Hornet 600, que andava a 230km/h. Às vezes sinto a falta daquela potência todas nas rectas, mas andar de scooter é muito agradável. Devagar é uma experiência diferente, veêm-se as coisas pelo caminho...
Autonomia: não medi isto devidamente, mas sempre na velocidade máxima, suponho que seja pouco mais que 40km. Como moro apenas a 10km do trabalho, não é coisa que me preocupe. Já andei até descarregar quase totalmente a bateria. Não pára de repente. Vai andando cada vez mais devagar e depois liga e desliga. Ainda fiz uns três kilometros quase sem bateria.
Velocidade: na zona de Aveiro, plana, aguenta-se a 47,5km/h com uma pessoa (70 kg) e a 45km/h com duas (120kg).
Gozo: é muito agradável saber que se está a andar no veículo mais ecológico e económico que existe. Antes desta scooter tive uma Honda Hornet 600, que andava a 230km/h. Às vezes sinto a falta daquela potência todas nas rectas, mas andar de scooter é muito agradável. Devagar é uma experiência diferente, veêm-se as coisas pelo caminho...
quinta-feira, abril 24, 2008
Scooter eléctrica

Ontem comprei uma scooter eléctrica... e estou a pensar usa-la o mais possível.
Porque raio de motivo andamos de carro, uma tonelada de ferro que polui imenso, se podemos andar num veiculo assim? Há coisas que estão ao nosso alcance...
Ainda não a tenho mas já a experimentei. É tipo andar de bicicleta sem pedalar. Não faz barulho e não deita fumo. Parece que gasta só 40 cêntimos por cem kilometros. Com tarifa bi-horária deve ser uns 20 centimos. Um carro a gasolina gasta uns 10 euros. Portanto umas 50 vezes mais. Tenho que confirmar estas contas...
Claro que uma bicicleta polui ainda menos, pois é preciso ter em conta a produção de energia eléctrica. Mas a casa é longe demais para andar de bicicleta. Nesta scooter, a 50km/h, parece razoável.
Até estou a pensar escrever num blog sobre a minha experiência com a scooter. Pode ser que leve mais pessoas a comprar e são menos umas toneladas de lixo emitido por carros...
Estão com desconto de 200 euros na Feira de Março em Aveiro: ecomotores.
Estão com desconto de 200 euros na Feira de Março em Aveiro: ecomotores.
terça-feira, abril 15, 2008
Matemática Budista
Ao longo da história, foram surgindo paradigmas cada vez mais ajustados. Já se pensou que a terra era plana, depois que rodava à volta do sol, que havia muitos deuses, depois só um, que a mecânica clássica explicava tudo e depois veio a quântica e depois o paradoxo EPR... Aparentemente estamos a ficar mais próximos da Realidade. Mas existirá mesmo alguma Realidade Última? Se existir estará mesmo ao alcance da compreensão de um ser humano?
Veio-me esta ideia... Suponhamos que o meu paradigma actual é P1. Eu posso deixar algumas crenças erradas e conseguir um paradigma melhor, digamos P2. E assim sucessivamente construo uma sucessão de paradigmas (Pn). Então é só estudar esta sucessão e ver se é convergente. Se for, o limite da sucessão é a Realidade Última. Mas a sucessão ser convergente não basta, podia ser preciso uma infinidade de termos. Hum, de facto segundo o budismo esta sucessão ou é constante a partir de certa de certa ordem, ou finita, não se sabe bem o que acontece a um iluminado. :-)
Parece uma ideia parva mas não é assim tanto... Primeiro deixa implícito que é o meu paradigma que tem que mudar, ninguém me pode dizer o que é a Realidade Última, dar respostas. Depois que, independentemente da existência ou não de limite da sucessão, parece possível avaliar se estamos mais perto da zona de convergência...
Veio-me esta ideia... Suponhamos que o meu paradigma actual é P1. Eu posso deixar algumas crenças erradas e conseguir um paradigma melhor, digamos P2. E assim sucessivamente construo uma sucessão de paradigmas (Pn). Então é só estudar esta sucessão e ver se é convergente. Se for, o limite da sucessão é a Realidade Última. Mas a sucessão ser convergente não basta, podia ser preciso uma infinidade de termos. Hum, de facto segundo o budismo esta sucessão ou é constante a partir de certa de certa ordem, ou finita, não se sabe bem o que acontece a um iluminado. :-)
Parece uma ideia parva mas não é assim tanto... Primeiro deixa implícito que é o meu paradigma que tem que mudar, ninguém me pode dizer o que é a Realidade Última, dar respostas. Depois que, independentemente da existência ou não de limite da sucessão, parece possível avaliar se estamos mais perto da zona de convergência...
Uma vida com sentido
Como é que o meu budismo dá sentido à vida?
O meu budismo não dá respostas. Não sei se há ou não vida depois da morte, não sei se a lei do karma admite excepções, em principio não existe deus mas não estou certo disso... etc. Não tenho respostas para nada.
Claro que todos temos crenças, são a base que nos permite interagir com o mundo. Eu tenho crenças. E progredir é libertar-me delas.
Mas afinal que raio de religião é esta que em vez de nos dar qualquer coisa para nos agarrarmos ensina-nos a largar tudo?
Bom, na verdade há algumas crenças, mesmo no meu budismo. Eu acredito que existem sementes boas e más em mim, e que posso regar as boas e não alimentar as más. E também acredito que se pode ir para além do bem e do mal.
Então escolho a seguinte perspectiva: vejo-me a mim próprio como uma esfera, com luz branca no centro e montes de lixo à volta. A mim e as outros seres. O sentido desta vida é ir removendo progressivamente o lixo à volta até que a luz branca se manifeste, sem obstruções.
Nem sempre sei o que é o melhor a fazer para me libertar, e aí o Caminho do Meio, orienta-me, como um mapa...
E o essencial do Caminho do Meio é para mim apenas isto:
1. Existe dukkha (sofrimento, desencaixe);
2. A causa é o desejo (o querer que seja o que não é);
3. É possível cessar o dukkha e as causas (momentaneamente, por algum tempo, talvez de vez);
4. Existe um caminho para acabar com o dukkha, o Nobre Caminho Óctuplo (um mapa).
O Nobre Caminho Óctuplo é formado por oito aspectos que se agrupam em três grupos:
I - Sabedoria (1. Compreensão, 2. Motivação);
II- Conduta (3. Fala, 4. Acção, 5. Modo de subsistência);
III- Meditação (6. Esforço correcto, 7. Atenção, 8. Concentração).
E como funciona o Nobre Óctuplo Caminho?
Orienta-nos na transformação progressiva da mente de modo a libertarmos-nos das tendências mentais perturbadoras, da parte menos boa em nós, ou do lixo em torno do centro luminoso da esfera.
As perturbações mentais (por exemplo a raiva) existem em três níveis diferentes:
1) latente (exemplo, raiva por despoletar),
2) manifesto (exemplo, sentir raiva),
3) transgressão (exemplo, agir ou falar movido pela raiva).
O grupo II do caminho (conduta ética) permite-nos lidar com os níveis 2) (manifesto) e 3) (transgressão) e o grupo III (meditação) com o nível 1) (latente). O grupo I (sabedoria) é o ponto de partida e o objectivo do caminho, o auto-conhecimento, a sabedoria e compaixão.
A ideia é cultivar os oito aspectos em simultâneo...
Então basicamente tenho que me portar bem (grupo II; porque é vantajoso para mim e para os outros, não é porque senão deus castiga), tornar-me sábio (grupo I; que é basicamente ver mais longe a interdependência, e ser compassivo, em vez ter visões curtas e atribuir culpas) e meditar (grupo III; sentado e atenção plena durante o dia).
Assim tenho a salvação garantida! Se existir Deus vou para o céu. Se há renascimentos tenho garantido um bom renascimento. Se a vida terminar com a morte também está bem pois vivo uma vida com sentido.
Ah, a expressão "Caminho do Meio" é para aplicar a tudo. Não há interesse em ser demasiado sério nem demasiado a brincar, é sempre pelo Meio!
O meu budismo não dá respostas. Não sei se há ou não vida depois da morte, não sei se a lei do karma admite excepções, em principio não existe deus mas não estou certo disso... etc. Não tenho respostas para nada.
Claro que todos temos crenças, são a base que nos permite interagir com o mundo. Eu tenho crenças. E progredir é libertar-me delas.
Mas afinal que raio de religião é esta que em vez de nos dar qualquer coisa para nos agarrarmos ensina-nos a largar tudo?
Bom, na verdade há algumas crenças, mesmo no meu budismo. Eu acredito que existem sementes boas e más em mim, e que posso regar as boas e não alimentar as más. E também acredito que se pode ir para além do bem e do mal.
Então escolho a seguinte perspectiva: vejo-me a mim próprio como uma esfera, com luz branca no centro e montes de lixo à volta. A mim e as outros seres. O sentido desta vida é ir removendo progressivamente o lixo à volta até que a luz branca se manifeste, sem obstruções.
Nem sempre sei o que é o melhor a fazer para me libertar, e aí o Caminho do Meio, orienta-me, como um mapa...
E o essencial do Caminho do Meio é para mim apenas isto:
1. Existe dukkha (sofrimento, desencaixe);
2. A causa é o desejo (o querer que seja o que não é);
3. É possível cessar o dukkha e as causas (momentaneamente, por algum tempo, talvez de vez);
4. Existe um caminho para acabar com o dukkha, o Nobre Caminho Óctuplo (um mapa).
O Nobre Caminho Óctuplo é formado por oito aspectos que se agrupam em três grupos:
I - Sabedoria (1. Compreensão, 2. Motivação);
II- Conduta (3. Fala, 4. Acção, 5. Modo de subsistência);
III- Meditação (6. Esforço correcto, 7. Atenção, 8. Concentração).
E como funciona o Nobre Óctuplo Caminho?
Orienta-nos na transformação progressiva da mente de modo a libertarmos-nos das tendências mentais perturbadoras, da parte menos boa em nós, ou do lixo em torno do centro luminoso da esfera.
As perturbações mentais (por exemplo a raiva) existem em três níveis diferentes:
1) latente (exemplo, raiva por despoletar),
2) manifesto (exemplo, sentir raiva),
3) transgressão (exemplo, agir ou falar movido pela raiva).
O grupo II do caminho (conduta ética) permite-nos lidar com os níveis 2) (manifesto) e 3) (transgressão) e o grupo III (meditação) com o nível 1) (latente). O grupo I (sabedoria) é o ponto de partida e o objectivo do caminho, o auto-conhecimento, a sabedoria e compaixão.
A ideia é cultivar os oito aspectos em simultâneo...
Então basicamente tenho que me portar bem (grupo II; porque é vantajoso para mim e para os outros, não é porque senão deus castiga), tornar-me sábio (grupo I; que é basicamente ver mais longe a interdependência, e ser compassivo, em vez ter visões curtas e atribuir culpas) e meditar (grupo III; sentado e atenção plena durante o dia).
Assim tenho a salvação garantida! Se existir Deus vou para o céu. Se há renascimentos tenho garantido um bom renascimento. Se a vida terminar com a morte também está bem pois vivo uma vida com sentido.
Ah, a expressão "Caminho do Meio" é para aplicar a tudo. Não há interesse em ser demasiado sério nem demasiado a brincar, é sempre pelo Meio!
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