segunda-feira, junho 16, 2008

De scooter

Consumo: ainda não estive a medir... mas a potência da fonte é 300w e no máximo demora umas oito horas a carregar. Por isso deve bastar multiplicar o preço do kw/h por 8*0,3.

Autonomia: não medi isto devidamente, mas sempre na velocidade máxima, suponho que seja pouco mais que 40km. Como moro apenas a 10km do trabalho, não é coisa que me preocupe. Já andei até descarregar quase totalmente a bateria. Não pára de repente. Vai andando cada vez mais devagar e depois liga e desliga. Ainda fiz uns três kilometros quase sem bateria.

Velocidade: na zona de Aveiro, plana, aguenta-se a 47,5km/h com uma pessoa (70 kg) e a 45km/h com duas (120kg).

Gozo: é muito agradável saber que se está a andar no veículo mais ecológico e económico que existe. Antes desta scooter tive uma Honda Hornet 600, que andava a 230km/h. Às vezes sinto a falta daquela potência todas nas rectas, mas andar de scooter é muito agradável. Devagar é uma experiência diferente, veêm-se as coisas pelo caminho...

quinta-feira, abril 24, 2008

Scooter eléctrica



Ontem comprei uma scooter eléctrica... e estou a pensar usa-la o mais possível.

Porque raio de motivo andamos de carro, uma tonelada de ferro que polui imenso, se podemos andar num veiculo assim? Há coisas que estão ao nosso alcance...


Ainda não a tenho mas já a experimentei. É tipo andar de bicicleta sem pedalar. Não faz barulho e não deita fumo. Parece que gasta só 40 cêntimos por cem kilometros. Com tarifa bi-horária deve ser uns 20 centimos. Um carro a gasolina gasta uns 10 euros. Portanto umas 50 vezes mais. Tenho que confirmar estas contas...

Claro que uma bicicleta polui ainda menos, pois é preciso ter em conta a produção de energia eléctrica. Mas a casa é longe demais para andar de bicicleta. Nesta scooter, a 50km/h, parece razoável.


Até estou a pensar escrever num blog sobre a minha experiência com a scooter. Pode ser que leve mais pessoas a comprar e são menos umas toneladas de lixo emitido por carros...

Estão com desconto de 200 euros na Feira de Março em Aveiro:
ecomotores.

terça-feira, abril 15, 2008

Matemática Budista

Ao longo da história, foram surgindo paradigmas cada vez mais ajustados. Já se pensou que a terra era plana, depois que rodava à volta do sol, que havia muitos deuses, depois só um, que a mecânica clássica explicava tudo e depois veio a quântica e depois o paradoxo EPR... Aparentemente estamos a ficar mais próximos da Realidade. Mas existirá mesmo alguma Realidade Última? Se existir estará mesmo ao alcance da compreensão de um ser humano?

Veio-me esta ideia... Suponhamos que o meu paradigma actual é P1. Eu posso deixar algumas crenças erradas e conseguir um paradigma melhor, digamos P2. E assim sucessivamente construo uma sucessão de paradigmas (Pn). Então é só estudar esta sucessão e ver se é convergente. Se for, o limite da sucessão é a Realidade Última. Mas a sucessão ser convergente não basta, podia ser preciso uma infinidade de termos. Hum, de facto segundo o budismo esta sucessão ou é constante a partir de certa de certa ordem, ou finita, não se sabe bem o que acontece a um iluminado. :-)

Parece uma ideia parva mas não é assim tanto... Primeiro deixa implícito que é o meu paradigma que tem que mudar, ninguém me pode dizer o que é a Realidade Última, dar respostas. Depois que, independentemente da existência ou não de limite da sucessão, parece possível avaliar se estamos mais perto da zona de convergência...

Uma vida com sentido

Como é que o meu budismo dá sentido à vida?

O meu budismo não dá respostas. Não sei se há ou não vida depois da morte, não sei se a lei do karma admite excepções, em principio não existe deus mas não estou certo disso... etc. Não tenho respostas para nada.

Claro que todos temos crenças, são a base que nos permite interagir com o mundo. Eu tenho crenças. E progredir é libertar-me delas.

Mas afinal que raio de religião é esta que em vez de nos dar qualquer coisa para nos agarrarmos ensina-nos a largar tudo?

Bom, na verdade há algumas crenças, mesmo no meu budismo. Eu acredito que existem sementes boas e más em mim, e que posso regar as boas e não alimentar as más. E também acredito que se pode ir para além do bem e do mal.

Então escolho a seguinte perspectiva: vejo-me a mim próprio como uma esfera, com luz branca no centro e montes de lixo à volta. A mim e as outros seres. O sentido desta vida é ir removendo progressivamente o lixo à volta até que a luz branca se manifeste, sem obstruções.

Nem sempre sei o que é o melhor a fazer para me libertar, e aí o Caminho do Meio, orienta-me, como um mapa...

E o essencial do Caminho do Meio é para mim apenas isto:

1. Existe dukkha (sofrimento, desencaixe);

2. A causa é o desejo (o querer que seja o que não é);

3. É possível cessar o dukkha e as causas (momentaneamente, por algum tempo, talvez de vez);

4. Existe um caminho para acabar com o dukkha, o Nobre Caminho Óctuplo (um mapa).

O Nobre Caminho Óctuplo é formado por oito aspectos que se agrupam em três grupos:

I - Sabedoria (1. Compreensão, 2. Motivação);
II- Conduta (3. Fala, 4. Acção, 5. Modo de subsistência);
III- Meditação (6. Esforço correcto, 7. Atenção, 8. Concentração).

E como funciona o Nobre Óctuplo Caminho?

Orienta-nos na transformação progressiva da mente de modo a libertarmos-nos das tendências mentais perturbadoras, da parte menos boa em nós, ou do lixo em torno do centro luminoso da esfera.

As perturbações mentais (por exemplo a raiva) existem em três níveis diferentes:

1) latente (exemplo, raiva por despoletar),

2) manifesto (exemplo, sentir raiva),

3) transgressão (exemplo, agir ou falar movido pela raiva).

O grupo II do caminho (conduta ética) permite-nos lidar com os níveis 2) (manifesto) e 3) (transgressão) e o grupo III (meditação) com o nível 1) (latente). O grupo I (sabedoria) é o ponto de partida e o objectivo do caminho, o auto-conhecimento, a sabedoria e compaixão.

A ideia é cultivar os oito aspectos em simultâneo...

Então basicamente tenho que me portar bem (grupo II; porque é vantajoso para mim e para os outros, não é porque senão deus castiga), tornar-me sábio (grupo I; que é basicamente ver mais longe a interdependência, e ser compassivo, em vez ter visões curtas e atribuir culpas) e meditar (grupo III; sentado e atenção plena durante o dia).

Assim tenho a salvação garantida! Se existir Deus vou para o céu. Se há renascimentos tenho garantido um bom renascimento. Se a vida terminar com a morte também está bem pois vivo uma vida com sentido.

Ah, a expressão "Caminho do Meio" é para aplicar a tudo. Não há interesse em ser demasiado sério nem demasiado a brincar, é sempre pelo Meio!

segunda-feira, abril 14, 2008

Curso do Sagara

Participei no segundo nível do curso de meditação do Sagara na UPB Porto... Já foi há uma semana que terminou.

Há tantas religiões, filosofias, espiritualidades... E tanta gente desorientada, sem saber bem para onde se virar. Eu desde que conheci a história da vida do Buda nunca tive grandes dúvidas, a base do meu caminho nesta vida é o Budismo.

Algumas pessoas sentem-se mais ligadas aos aspectos mais esotéricos do Budismo, a rituais e a crenças. Mas o Sagara, que é Budista, parece a pessoa menos religiosa que conheço. No sentido mais usual da palavra.

Para escolher um caminho, além de ter que fazer sentido intelectualmente, é fundamental ter em conta o que ele fez à pessoa que o sugere. Talvez tenha um efeito semelhante em nós.

A concentração, clareza de discurso, bom humor e abertura de espírito do Sagara quase que nos deixam iluminados só com o curso!

A forma como propões o Octuplo Caminho, faz todo o sentido intelectualmente. Voltei a meditar regularmente e sinto-me orientado e com vontade de participar num retiro.

Quem por vezes sente que a vida não tem sentido, quem se identifica com a filosofia do yoga mas não é dado a crenças e em particular não acredita em Deus, tem que fazer um curso com o
Sagara!

quarta-feira, abril 02, 2008

Vida

Eh, e um gaijo que pensa como eu acerca da vida! :-)

"All conditioned things are impermanent" - When one sees this with wisdom, one turns away from suffering. This is the path to purification. -

Buddha...

Moda

Olha que fixe, um gajo que pensa o mesmo que eu da moda :-)

Fashion is a form of ugliness so intolerable that we have to alter it every six months.

Oscar Wilde

quinta-feira, março 27, 2008

Consumo correcto e pornografia

Correcto no sentido de nos tornar mais conscientes, mais presentes, mais no aqui e agora, mais plenamente sábios e compassivos...

Há um aspecto em que o consumo de pornografia ou qualquer coisa que aumente o desejo sexual pode ser prejudicial. Se pretendermos seguir um caminho espiritual em que progressivamente nos tornamos mais tranquilos e conscientes, então não há grande interesse num consumo que nos agita...

E o mesmo se aplica à comida. Nunca achei razoável tornar-me vegetariano, pois parece-me mais difícil conseguir os nutrientes precisos sem comer carne e peixe. Parece-me mais razoável muito pouca carne e algum peixe. No entanto perdi totalmente a vontade de comer carne. Acho que este filme foi a última gota de agua: http://veg-tv.info/Earthlings

Bom, tudo tem consequências e aquilo que consumimos importa como é obvio...

Claro que é importante dosear o nível de controlo, deixando respirar o tigre. Se a energia sexual é demasiado controlada pode originar desvios.

Mas se é a inteligência que nos impede de viver no presente e nos faz levar a vida no passado e no futuro, também a podemos usar para exercer algum controle e manter o bicho satisfeito e calmo!

segunda-feira, março 17, 2008

Budismo e depressão

O budismo faz todo o sentido. Claro que só podemos ser felizes no presente, nada mais existe. Não vejo dogmas no nobre caminho óctuplo É apenas um mapa extremamente lógico e útil. Que nos orienta agora a seremos felizes e a melhorar o nosso estado geral de felicidade. É preciso praticar o caminho. Usar o mapa.

Mas e naqueles dias em que tudo parece cinzento e não conseguimos pôr nada em prática? O que causa mais sofrimento? Será a depressão ou o desejo forte de nos livrarmos dela? O que fazer quando nada resulta?

Felizmente há alturas em que fico profundamente deprimido. E não consigo fazer rigorosamente nada para abandonar esse estado, ou para outro efeito qualquer. Às vezes digo a mim próprio, em alturas melhores: se voltar a acontecer vou fazer apenas isto, algo simples, para não me esquecer. Mas nunca resulta. Não me lembro. Talvez escrevendo num papel... Não dá. O problema é que tudo muda e o que resulta hoje não resulta amanhã. É como com as crianças. É preciso ser flexível. Mas como ser flexível quando se está deprimido e não se consegue fazer nada?

Felizmente também, as minhas "depressões" não duram muito. O melhor a fazer é esperar que passem. Mas até isto esqueço nessas alturas. Parece que nunca vai passar. Quando o lume está a arder é fácil dirigir a chama. Mas e quando falta a faísca que o acende?

O que me ajuda? O Budismo. É natural existir insatisfação. É o dukkha. Sem sofrimento não pode existir compaixão pois não se tem oportunidade de sentir o que os outros também sentem. Por isso a "depressão" é de certa forma uma coisa útil.

Mas também é tão horrível. Especialmente quando não parece haver causa nenhuma além do dukkha. E por vezes procuramos inventar uma causa mais aceitável.

Aceitar o sofrimento como sendo algo natural em vez de uma doença, é então a primeira coisa que me ajuda. Além da aceitação é sentir que não tenho que fazer nada. É esperar que se auto-cure, como acontece com as feridas.

Finalmente, é uma oportunidade para investigar o sofrimento. Que de facto, devido ao sofrimento, não consigo aproveitar...

Resumindo: aceitar, esperar que passe e se possível investigar enquanto dura.

Pra próxima tenho que me lembrar disto...

segunda-feira, março 10, 2008

a great elephant in the deep forest

But if you do not find an intelligent companion, a wise and well-behaved person going the same way as yourself, then go on your way alone, like a king abandoning a conquered kingdom, or like a great elephant in the deep forest. - Buddha...