segunda-feira, agosto 02, 2010

Pedro Kupfer e Advaita Vedanta


Ontem fui à Casa Ganapati a um Sat Sanga.

Foi muito boa a sessão de kirtans mas o que me impressionou mesmo foi a conversa do Pedro Kupfer. Foi absolutamente brilhante. Até vi uma aura em torno dele no fim da conversa (e eu não acredito nestas coisas! :-) ).

Fiquei muito curioso em relação ao Advaita, de que não sei grande coisa. É umas das filosofias hindus, não dualista. A noção de Ishvara, do modo como o disse, que suponho seja a visão do Advaita, é uma noção de "Deus" que parece servir inclusive a ateus e budistas. Um principio único que existe em tudo, que inclui as leis naturais como a gravidade... Existirão diferenças essenciais entre advaita e budismo?

"Nós já somos plenos. Somos Ishvara. Somos plenos na alegria e na tristeza. Existe um abismo entre aquilo que somos e aquilo que pensamos que somos ou devíamos ser, devido aos condicionamentos ao longo da nossa vida."

Acho que "aquilo que somos" pode ver-se como atman ou como a natureza de buda.

Também fiquei curioso em relação à Ética de Espinosa que parece ter notáveis semelhanças com a filosofia Advaita. Tenho ouvido falar tanto de Espinosa mas nunca li um livro completo.

E agora... Andanças!!!



segunda-feira, maio 03, 2010

Palestra "Prática do Dharma"

Ontem dei uma palestra no espaço de Yoga, com este título, a mesma que preparei para o curso de Yoga Integral que estou a frequentar. Apareceu muita gente, apesar de não ter divulgado publicamente. Foi interessante e divertida a sessão de perguntas e conversa após a apresentação. O primeiro slide com o resumo:

Buda (O que descobriu)

O problema da palavra “Budismo” (Kalama Sutta)

Budismo (Quatro Nobres Verdades e Caminho do Meio)

Meditação (Os Dois Pilares)

Budismo e ciência (Em sintonia)

Prática Budista não Budista (O essencial)

quarta-feira, abril 28, 2010

Sofrimento outra vez


Nesta vida existe sofrimento, todos os dias, em cada instante! Alguns dias mais que outros. E isto é absolutamente normal.

Desde que ouvi falar do Buda que entendi que não quero caminhos de felicidades. É tão cansativo fingir que o sofrimento não existe. Vejo tantas estratégias de tanta gente, mais ou menos refinadas para tentarem manter-se na crista da onda, sempre em frenética actividade e em grande esforço. Vão morrer a correr ou parar um dia? As ondas sobem e descem!

Por falar em ondas, hoje já está bastante calor, é altura de voltar ao bodyboard...

segunda-feira, abril 26, 2010

Dhukka


De tempos a tempos volto à primeira nobre verdade: dhukka.

Existe sofrimento na existência humana. Estamos sujeitos à dor, envelhecimento, doenças e morte. E podemos tentar ignorar isto com distracções ou procurar viver a vida em pleno, também o sofrimento.

Raramente olho para a televisão, mas ontem à noite olhei para um daqueles programas que mostram como a vida das vedetas de televisão é plena de felicidade. Ficando a olhar para a televisão esquecemos facilmente que a nossa própria existência tem sofrimento. Talvez a solução seja ficar sempre a olhar para a televisão, fugir à vida e um dia morrer sem ter vivido...

Do mesmo modo que nos podemos abrir à dor física e notar cada sensação até que fique apenas a dor deve ser possível notar no corpo o sofrimento mental até que fique só o sofrimento mental. O que quer isto dizer?



terça-feira, abril 13, 2010

Onde está o bebé? Cá está ele!


Às vezes o bebé chora profundamente e grita... em silêncio. E não sabemos o que quer, o que tem, que mal o aflige...


segunda-feira, março 22, 2010

Retiro Zen com a Amy Hollowell

Saí hoje do meu primeiro retiro numa tradição Zen, com a Sensei Amy Hollowell.

Fantástica experiência. No inicio davam-me vontade de rir aqueles gestos e rituais Japoneses todos. Depois comecei a tentar imitar. Ontem à noite já fiz todas as vénias ao Buda a sentir o que estava a fazer. O que senti foi "raios, o que ele fez é mesmo difícil" num misto de humor e respeito.

É paradoxal. O que ele fez foi "não fazer nada". Apenas observar. Ver, claramente, tudo o que há para ver, sem interferir, sem rejeitar nada. Parece tão fácil...

A palestra de ontem foi absolutamente genial. Foi uma palestra sobre Despertar. Parece ter dito tudo o que há dizer. Simplesmente criou o contexto ideal para a história com apenas duas palavras:
-Ananda.
-Yes.

A entoação do "yes" não consigo descrever aqui, mas tocou-me. Como se estivesse tudo ali, naquela resposta simples, directa, de Ananda.

sábado, março 06, 2010

Meditação


Relaxar, observar, não reagir. É possível observar mesmo o que está a acontecer neste instante? No instante em que realmente acontece antes de começarmos a adicionar explicações e conceitos e todo o tipo de teorias budistas ou não budistas?

Para mim agora meditar é apenas isto. Uma observação relaxada do que está realmente a acontecer, sem adicionar nada.

Postura correcta, relaxamento e observação. O único controle que procuro que exista é o de fazer voltar a atenção ou apenas para a respiração ou para tudo aquilo que está a acontecer, no momento presente, interna e externamente.

Faço isto todos os dias, pelo menos trinta minutos por dia, porque faz sentido. E não espero nada em troca...

sexta-feira, novembro 20, 2009

Espiritualidade


Vou continuar em Janeiro o curso de professores de Yoga Integral no Porto, que recomendo sem reservas.

Alguns extractos que gostei de uma entrevista ao Swami Maitreyananda:

"O Yoga ensina a desenvolver a inteligência espiritual do ser humano, entendendo-a como a capacidade de adaptação afectiva, sentimental e anímica de um indivíduo ao seu meio. Esta capacidade de adaptação espiritual permite ao yogui ultrapassar sentimentos e situações que para outras pessoas seriam insuportáveis."

[...]

"O Yoga é, antes de mais, uma arte, ciência e filosofia de vida que integra a mente, o corpo e o espírito do ser humano, desenvolvendo a sua educação espiritual."

[...]

"Para a maioria das pessoas não é muito clara a diferença entre a sua mente e o seu espírito. Em psicologia este esforço de entender que o espiritual é um plano diferente embora integrado no mental e no físico, deve-se ao Dr. Viktor Frank (terceira escola de Viena, depois de Freud e Adler); o seu contributo permitiu separar a Noologia da Psicologia, para compreender a dimensão espiritual do indivíduo."

Entrevista completa: Swami Maitreyananda

terça-feira, novembro 10, 2009

Originalidade

No mundo académico todos procuram escrever algo que seja original. E então por isso amontoam-se artigos, a maior parte inúteis e sobre problemas particulares, muitos deles inventados.

Mas o que é essencial nestas nossas vidas são coisas muito simples. E esta obsessão pelo original afasta-nos do que é essencial. Será original esta ideia? Pouco me importa.

Quando é que algo que escrevemos é original? Basta que se sinta ou será preciso verificar se já está publicado em alguma revista científica internacional?

Deve ser preciso um estado meditativo muito profundo para verificar que algo é criatividade e não repetição de algo que surgiu em toda a nossa experiência até este momento. Hoje estou-me a rir de mim próprio...

Um poema de Bashô:

“Olhe cuidadosamente

A Nazuna desabrocha

Ao longo da cerca – Ah!”

Repito este para mim muitas vezes. Um dia vou saber o que diz e vai ser um poema original meu.

segunda-feira, novembro 09, 2009

Para quê meditar?


Para quê meditar, ficar sentado sem fazer nada, se há tantas coisas interessantes para fazer?

Mas o que é realmente interessante? Quando fazemos as coisas que nos apetecem não estaremos a agir determinados pelos condicionamentos criados por toda a nossa experiência passada até este momento? Será possível sair deste total determinismo que nos leva a seguir automaticamente os nossos "quereres"? Haverá realmente possibilidade de ser livre?

Poderemos mesmo ao meditar decompor e observar todo o processo mental, deste os impulsos que nos levam a fazer coisas, às consequentes reacções de apego, aversão, e agir sobre este processo, escolhendo o que fazer, ou não fazer?

Quando me forço a ficar sentado sem fazer nada não estarei afinal a investigar a possibilidade de ser realmente livre?