segunda-feira, junho 01, 2009

Ter fé

Desde que fui ao retiro com o Ricardo que medito todas as manhãs 45 minutos, logo ao sair da cama. Nos últimos dias tem sido difícil. Parece que a mente se está a tornar cada vez mais hábil na criação de distracções.

Observar o ar nas narinas não é interessante. É preciso inventar histórias, criar fantasias. Mas o problema é que as histórias não estão a acontecer. O movimento da respiração no corpo imóvel está a acontecer. Afinal o que é interessante? Viver em sonhos ou viver o momento em que de facto se está vivo?

Em cada momento respiro. Em cada instante estou vivo. Não é preciso esperar pelo prazer do almoço, ou de um encontro, pela conclusão do que estou a escrever, ou qualquer outra coisa.

Há sempre uma pequena ânsia de concluir o que se está a fazer para fazer algo a seguir. E quero que os 45 minutos passem, que os dias passem, que esta emoção me deixe, que tudo passe.

Mas o que vem a seguir? Mas o que há de interessante "a seguir"? Porque motivo caminhamos com ânsia de chegar? Afinal chegamos onde? Não estaremos sempre aqui? Porque é que o próximo passo é melhor que este?

Não poderemos mesmo estar onde estamos, sem querer o que vem a seguir e sem inventar prazeres em mundos ilusórios?

Pode mesmo a mente ser treinada para estar eternamente presente, no tempo e no espaço, focada, descontraidamente atenta?

Eu estou a com fé numa técnica, que o Buda ensinou. Chama-se Anapanasati.

1 comentário:

Cristina Gomes disse...

Saltamos de momento em momento... do passado para o futuro, do futuro de novo para o passado, parando por uns instantes neste momento em que nos encontramos...
E que bom quando tomamos consciência de todos estes saltos, e resolvemos parar, para coisa nenhuma, para simplesmente ser e sentir, o aqui...

Um dia muito feliz para ti ***