Foi a consciência de que a morte existe, assim como o envelhecimento e as doenças, e o sofrimento em geral, o mais importante que me aconteceu quando me comecei a interessar por budismo. Isto é essencial na vida e, assim como eu, todos os outros estão sujeitos ao mesmo! Isto originou em mim uma profunda mudança de perspectiva. Podia não ter passado de mais uma frase: "todos os seres sofrem". Mas não foi assim.
E essa mudança de perspectiva solucionou os meus mais terríveis problemas na vida: a condução agressiva e a timidez. Note-se que estes dois problemas juntos tornavam dificil o meu encaixe no DSM IV pelos especialistas de saúde mental. Não tinham etiqueta para me colocar, eheh.
Por isso para mim a consciência de que a morte existe é essencial. É algo a ter presente. A alternativa é arranjar distracções e evitar pensar nisso. Mas não me satisfaz.
No entanto, embora nesta margem não haja duvida de que existe a morte, parece que na outra margem, de algum modo não existe esta morte. Consigo imaginar que se eu conseguir "ver" que de facto tudo morre em cada instante, que eu morro e renasço em cada instante, então talvez se atenue esta distinção entre as "pequenas mortes" que a todo o momento ocorrem e a "grande morte" final.
Mas como diria o Buda, especular sobre o que é a iluminação não é conducente à iluminação. Nesta margem é claramente vantajoso estar consciente da morte e do sofrimento. Vamos remover a seta ou ficar a imaginar como vai ser bom quando ela for removida?
terça-feira, novembro 04, 2008
segunda-feira, setembro 22, 2008
A caminho
Passei o fim de semana num retiro de silêncio orientado pelo Ricardo Sasaki.
Parece-me tudo tão claro. Algumas pessoas são mais adaptadas. Querem um bom emprego, um bom carro, uma boa casa e uma família... mas há outras mais insatisfeitas. Como estou no segundo grupo para mim é clara a necessidade de mudar alguma coisa. Não é o mundo que tenho que mudar mas sim a minha própria mente.
O Budismo não me dá um sistema de crenças, não me dá respostas para nada. Mas dá-me técnicas para transformar a mente, uma orientação. O Budismo Theravada, que procura basear-se apenas no ensinamento original do Buda, parece ter uma abordagem quase científica ao problema. Parece que o Buda não era muito dado a rituais e crenças, isso surgiu depois...
Acredito na meditação, é a minha crença. Acredito que pode transformar a mente. Mesmo as tendências mais enraizadas que nos fazem sofrer, que geram insatisfação. Como o exercício físico pode transformar o corpo, a meditação pode transformar a mente. Treinado podemos ficar mais sábios. Acumular conhecimentos não nos torna mais sábios. Mas meditar pode tornar.
O caminho pode ser longo, mas o que importa não é chegar, é cada passo. É a atenção que se dedica a cada instante, a cada pressionar destas teclas, a tudo o que acontece em cada momento.
Parece tão simples. Porque é que às vezes é tão complicado? Porque é que ficamos mergulhados nesta tagarelice mental, nesta constante projecção de filmes mentais e nem sabemos o que estamos a fazer e o que está a acontecer? Porque motivo não praticamos para nos libertarmos desta tendência doentia?
Já há algum tempo que mantenho uma prática diária de meditação e este retiro reforçou a minha motivação para continuar.
A caminho...
Parece-me tudo tão claro. Algumas pessoas são mais adaptadas. Querem um bom emprego, um bom carro, uma boa casa e uma família... mas há outras mais insatisfeitas. Como estou no segundo grupo para mim é clara a necessidade de mudar alguma coisa. Não é o mundo que tenho que mudar mas sim a minha própria mente.
O Budismo não me dá um sistema de crenças, não me dá respostas para nada. Mas dá-me técnicas para transformar a mente, uma orientação. O Budismo Theravada, que procura basear-se apenas no ensinamento original do Buda, parece ter uma abordagem quase científica ao problema. Parece que o Buda não era muito dado a rituais e crenças, isso surgiu depois...
Acredito na meditação, é a minha crença. Acredito que pode transformar a mente. Mesmo as tendências mais enraizadas que nos fazem sofrer, que geram insatisfação. Como o exercício físico pode transformar o corpo, a meditação pode transformar a mente. Treinado podemos ficar mais sábios. Acumular conhecimentos não nos torna mais sábios. Mas meditar pode tornar.
O caminho pode ser longo, mas o que importa não é chegar, é cada passo. É a atenção que se dedica a cada instante, a cada pressionar destas teclas, a tudo o que acontece em cada momento.
Parece tão simples. Porque é que às vezes é tão complicado? Porque é que ficamos mergulhados nesta tagarelice mental, nesta constante projecção de filmes mentais e nem sabemos o que estamos a fazer e o que está a acontecer? Porque motivo não praticamos para nos libertarmos desta tendência doentia?
Já há algum tempo que mantenho uma prática diária de meditação e este retiro reforçou a minha motivação para continuar.
A caminho...
sexta-feira, agosto 29, 2008
O optimismo do budismo
Em resumo, esta vida é insatisfatória. E podemos contar com muitas formas de insatisfação e sofrimento no futuro. Além disso não vai terminar com a morte. Não, não é assim tão simples. Vamos voltar a nascer para sofrer mais ainda. E vai ser assim por milhões de anos, se meditarmos muito. No entanto há-de chegar o dia em que não voltamos a nascer.
Mas não há problema pois só temos que lidar com o sofrimento do momento presente. Nas muitas vezes no futuro em que vamos morrer queimados, ter escaldantes metais liquidos derramados para dentro dos nossos futuros corpos, perder subitamente pessoas queridas e todas os outras imaginaveis formas de sofrimento fisico e mental, pelas quais já passamos também no passado, podemos preocuparnos apenas com o momento presente.
Não é tão bom? Saber que so temos que lidar com o presente e que um dia isto vai tudo terminar? Mas note-se que não temos que acreditar nisto porque nos dizem. É possivel ver que é de facto assim, meditando.
Ainda bem que no "fluxo de consciência individual" que passa de umas vidas para as outras não são transportadas recordações das torturas das vidas anteriores, pelo menos a nível consciente.
Será mesmo seguro meditar?
Mas não há problema pois só temos que lidar com o sofrimento do momento presente. Nas muitas vezes no futuro em que vamos morrer queimados, ter escaldantes metais liquidos derramados para dentro dos nossos futuros corpos, perder subitamente pessoas queridas e todas os outras imaginaveis formas de sofrimento fisico e mental, pelas quais já passamos também no passado, podemos preocuparnos apenas com o momento presente.
Não é tão bom? Saber que so temos que lidar com o presente e que um dia isto vai tudo terminar? Mas note-se que não temos que acreditar nisto porque nos dizem. É possivel ver que é de facto assim, meditando.
Ainda bem que no "fluxo de consciência individual" que passa de umas vidas para as outras não são transportadas recordações das torturas das vidas anteriores, pelo menos a nível consciente.
Será mesmo seguro meditar?
terça-feira, agosto 26, 2008
O caminho do meio
Acabei hoje de ler este livro. Parece que o encontrei mesmo na altura certa. A última das quatro sublimes verdades é "o caminho do meio". Este livro é sobre isso.
Embora simpatize com o Budismo Tibetano e o Budismo Zen, tenho claramente mais inclinação para o Theravada. Tenho lido tantos livros sobre budismo. Talvez ainda leia outros mas sinto que de certa forma este foi o último. Já não saber mais que as quatro nobres verdades e o caminho aqui descrito. Quero apenas praticar...
Embora simpatize com o Budismo Tibetano e o Budismo Zen, tenho claramente mais inclinação para o Theravada. Tenho lido tantos livros sobre budismo. Talvez ainda leia outros mas sinto que de certa forma este foi o último. Já não saber mais que as quatro nobres verdades e o caminho aqui descrito. Quero apenas praticar...
segunda-feira, junho 16, 2008
De scooter
Consumo: ainda não estive a medir... mas a potência da fonte é 300w e no máximo demora umas oito horas a carregar. Por isso deve bastar multiplicar o preço do kw/h por 8*0,3.
Autonomia: não medi isto devidamente, mas sempre na velocidade máxima, suponho que seja pouco mais que 40km. Como moro apenas a 10km do trabalho, não é coisa que me preocupe. Já andei até descarregar quase totalmente a bateria. Não pára de repente. Vai andando cada vez mais devagar e depois liga e desliga. Ainda fiz uns três kilometros quase sem bateria.
Velocidade: na zona de Aveiro, plana, aguenta-se a 47,5km/h com uma pessoa (70 kg) e a 45km/h com duas (120kg).
Gozo: é muito agradável saber que se está a andar no veículo mais ecológico e económico que existe. Antes desta scooter tive uma Honda Hornet 600, que andava a 230km/h. Às vezes sinto a falta daquela potência todas nas rectas, mas andar de scooter é muito agradável. Devagar é uma experiência diferente, veêm-se as coisas pelo caminho...
Autonomia: não medi isto devidamente, mas sempre na velocidade máxima, suponho que seja pouco mais que 40km. Como moro apenas a 10km do trabalho, não é coisa que me preocupe. Já andei até descarregar quase totalmente a bateria. Não pára de repente. Vai andando cada vez mais devagar e depois liga e desliga. Ainda fiz uns três kilometros quase sem bateria.
Velocidade: na zona de Aveiro, plana, aguenta-se a 47,5km/h com uma pessoa (70 kg) e a 45km/h com duas (120kg).
Gozo: é muito agradável saber que se está a andar no veículo mais ecológico e económico que existe. Antes desta scooter tive uma Honda Hornet 600, que andava a 230km/h. Às vezes sinto a falta daquela potência todas nas rectas, mas andar de scooter é muito agradável. Devagar é uma experiência diferente, veêm-se as coisas pelo caminho...
quinta-feira, abril 24, 2008
Scooter eléctrica
Ontem comprei uma scooter eléctrica... e estou a pensar usa-la o mais possível.
Porque raio de motivo andamos de carro, uma tonelada de ferro que polui imenso, se podemos andar num veiculo assim? Há coisas que estão ao nosso alcance...
Ainda não a tenho mas já a experimentei. É tipo andar de bicicleta sem pedalar. Não faz barulho e não deita fumo. Parece que gasta só 40 cêntimos por cem kilometros. Com tarifa bi-horária deve ser uns 20 centimos. Um carro a gasolina gasta uns 10 euros. Portanto umas 50 vezes mais. Tenho que confirmar estas contas...
Claro que uma bicicleta polui ainda menos, pois é preciso ter em conta a produção de energia eléctrica. Mas a casa é longe demais para andar de bicicleta. Nesta scooter, a 50km/h, parece razoável.
Até estou a pensar escrever num blog sobre a minha experiência com a scooter. Pode ser que leve mais pessoas a comprar e são menos umas toneladas de lixo emitido por carros...
Estão com desconto de 200 euros na Feira de Março em Aveiro: ecomotores.
Estão com desconto de 200 euros na Feira de Março em Aveiro: ecomotores.
terça-feira, abril 15, 2008
Matemática Budista
Ao longo da história, foram surgindo paradigmas cada vez mais ajustados. Já se pensou que a terra era plana, depois que rodava à volta do sol, que havia muitos deuses, depois só um, que a mecânica clássica explicava tudo e depois veio a quântica e depois o paradoxo EPR... Aparentemente estamos a ficar mais próximos da Realidade. Mas existirá mesmo alguma Realidade Última? Se existir estará mesmo ao alcance da compreensão de um ser humano?
Veio-me esta ideia... Suponhamos que o meu paradigma actual é P1. Eu posso deixar algumas crenças erradas e conseguir um paradigma melhor, digamos P2. E assim sucessivamente construo uma sucessão de paradigmas (Pn). Então é só estudar esta sucessão e ver se é convergente. Se for, o limite da sucessão é a Realidade Última. Mas a sucessão ser convergente não basta, podia ser preciso uma infinidade de termos. Hum, de facto segundo o budismo esta sucessão ou é constante a partir de certa de certa ordem, ou finita, não se sabe bem o que acontece a um iluminado. :-)
Parece uma ideia parva mas não é assim tanto... Primeiro deixa implícito que é o meu paradigma que tem que mudar, ninguém me pode dizer o que é a Realidade Última, dar respostas. Depois que, independentemente da existência ou não de limite da sucessão, parece possível avaliar se estamos mais perto da zona de convergência...
Veio-me esta ideia... Suponhamos que o meu paradigma actual é P1. Eu posso deixar algumas crenças erradas e conseguir um paradigma melhor, digamos P2. E assim sucessivamente construo uma sucessão de paradigmas (Pn). Então é só estudar esta sucessão e ver se é convergente. Se for, o limite da sucessão é a Realidade Última. Mas a sucessão ser convergente não basta, podia ser preciso uma infinidade de termos. Hum, de facto segundo o budismo esta sucessão ou é constante a partir de certa de certa ordem, ou finita, não se sabe bem o que acontece a um iluminado. :-)
Parece uma ideia parva mas não é assim tanto... Primeiro deixa implícito que é o meu paradigma que tem que mudar, ninguém me pode dizer o que é a Realidade Última, dar respostas. Depois que, independentemente da existência ou não de limite da sucessão, parece possível avaliar se estamos mais perto da zona de convergência...
Uma vida com sentido
Como é que o meu budismo dá sentido à vida?
O meu budismo não dá respostas. Não sei se há ou não vida depois da morte, não sei se a lei do karma admite excepções, em principio não existe deus mas não estou certo disso... etc. Não tenho respostas para nada.
Claro que todos temos crenças, são a base que nos permite interagir com o mundo. Eu tenho crenças. E progredir é libertar-me delas.
Mas afinal que raio de religião é esta que em vez de nos dar qualquer coisa para nos agarrarmos ensina-nos a largar tudo?
Bom, na verdade há algumas crenças, mesmo no meu budismo. Eu acredito que existem sementes boas e más em mim, e que posso regar as boas e não alimentar as más. E também acredito que se pode ir para além do bem e do mal.
Então escolho a seguinte perspectiva: vejo-me a mim próprio como uma esfera, com luz branca no centro e montes de lixo à volta. A mim e as outros seres. O sentido desta vida é ir removendo progressivamente o lixo à volta até que a luz branca se manifeste, sem obstruções.
Nem sempre sei o que é o melhor a fazer para me libertar, e aí o Caminho do Meio, orienta-me, como um mapa...
E o essencial do Caminho do Meio é para mim apenas isto:
1. Existe dukkha (sofrimento, desencaixe);
2. A causa é o desejo (o querer que seja o que não é);
3. É possível cessar o dukkha e as causas (momentaneamente, por algum tempo, talvez de vez);
4. Existe um caminho para acabar com o dukkha, o Nobre Caminho Óctuplo (um mapa).
O Nobre Caminho Óctuplo é formado por oito aspectos que se agrupam em três grupos:
I - Sabedoria (1. Compreensão, 2. Motivação);
II- Conduta (3. Fala, 4. Acção, 5. Modo de subsistência);
III- Meditação (6. Esforço correcto, 7. Atenção, 8. Concentração).
E como funciona o Nobre Óctuplo Caminho?
Orienta-nos na transformação progressiva da mente de modo a libertarmos-nos das tendências mentais perturbadoras, da parte menos boa em nós, ou do lixo em torno do centro luminoso da esfera.
As perturbações mentais (por exemplo a raiva) existem em três níveis diferentes:
1) latente (exemplo, raiva por despoletar),
2) manifesto (exemplo, sentir raiva),
3) transgressão (exemplo, agir ou falar movido pela raiva).
O grupo II do caminho (conduta ética) permite-nos lidar com os níveis 2) (manifesto) e 3) (transgressão) e o grupo III (meditação) com o nível 1) (latente). O grupo I (sabedoria) é o ponto de partida e o objectivo do caminho, o auto-conhecimento, a sabedoria e compaixão.
A ideia é cultivar os oito aspectos em simultâneo...
Então basicamente tenho que me portar bem (grupo II; porque é vantajoso para mim e para os outros, não é porque senão deus castiga), tornar-me sábio (grupo I; que é basicamente ver mais longe a interdependência, e ser compassivo, em vez ter visões curtas e atribuir culpas) e meditar (grupo III; sentado e atenção plena durante o dia).
Assim tenho a salvação garantida! Se existir Deus vou para o céu. Se há renascimentos tenho garantido um bom renascimento. Se a vida terminar com a morte também está bem pois vivo uma vida com sentido.
Ah, a expressão "Caminho do Meio" é para aplicar a tudo. Não há interesse em ser demasiado sério nem demasiado a brincar, é sempre pelo Meio!
O meu budismo não dá respostas. Não sei se há ou não vida depois da morte, não sei se a lei do karma admite excepções, em principio não existe deus mas não estou certo disso... etc. Não tenho respostas para nada.
Claro que todos temos crenças, são a base que nos permite interagir com o mundo. Eu tenho crenças. E progredir é libertar-me delas.
Mas afinal que raio de religião é esta que em vez de nos dar qualquer coisa para nos agarrarmos ensina-nos a largar tudo?
Bom, na verdade há algumas crenças, mesmo no meu budismo. Eu acredito que existem sementes boas e más em mim, e que posso regar as boas e não alimentar as más. E também acredito que se pode ir para além do bem e do mal.
Então escolho a seguinte perspectiva: vejo-me a mim próprio como uma esfera, com luz branca no centro e montes de lixo à volta. A mim e as outros seres. O sentido desta vida é ir removendo progressivamente o lixo à volta até que a luz branca se manifeste, sem obstruções.
Nem sempre sei o que é o melhor a fazer para me libertar, e aí o Caminho do Meio, orienta-me, como um mapa...
E o essencial do Caminho do Meio é para mim apenas isto:
1. Existe dukkha (sofrimento, desencaixe);
2. A causa é o desejo (o querer que seja o que não é);
3. É possível cessar o dukkha e as causas (momentaneamente, por algum tempo, talvez de vez);
4. Existe um caminho para acabar com o dukkha, o Nobre Caminho Óctuplo (um mapa).
O Nobre Caminho Óctuplo é formado por oito aspectos que se agrupam em três grupos:
I - Sabedoria (1. Compreensão, 2. Motivação);
II- Conduta (3. Fala, 4. Acção, 5. Modo de subsistência);
III- Meditação (6. Esforço correcto, 7. Atenção, 8. Concentração).
E como funciona o Nobre Óctuplo Caminho?
Orienta-nos na transformação progressiva da mente de modo a libertarmos-nos das tendências mentais perturbadoras, da parte menos boa em nós, ou do lixo em torno do centro luminoso da esfera.
As perturbações mentais (por exemplo a raiva) existem em três níveis diferentes:
1) latente (exemplo, raiva por despoletar),
2) manifesto (exemplo, sentir raiva),
3) transgressão (exemplo, agir ou falar movido pela raiva).
O grupo II do caminho (conduta ética) permite-nos lidar com os níveis 2) (manifesto) e 3) (transgressão) e o grupo III (meditação) com o nível 1) (latente). O grupo I (sabedoria) é o ponto de partida e o objectivo do caminho, o auto-conhecimento, a sabedoria e compaixão.
A ideia é cultivar os oito aspectos em simultâneo...
Então basicamente tenho que me portar bem (grupo II; porque é vantajoso para mim e para os outros, não é porque senão deus castiga), tornar-me sábio (grupo I; que é basicamente ver mais longe a interdependência, e ser compassivo, em vez ter visões curtas e atribuir culpas) e meditar (grupo III; sentado e atenção plena durante o dia).
Assim tenho a salvação garantida! Se existir Deus vou para o céu. Se há renascimentos tenho garantido um bom renascimento. Se a vida terminar com a morte também está bem pois vivo uma vida com sentido.
Ah, a expressão "Caminho do Meio" é para aplicar a tudo. Não há interesse em ser demasiado sério nem demasiado a brincar, é sempre pelo Meio!
segunda-feira, abril 14, 2008
Curso do Sagara
Participei no segundo nível do curso de meditação do Sagara na UPB Porto... Já foi há uma semana que terminou.
Há tantas religiões, filosofias, espiritualidades... E tanta gente desorientada, sem saber bem para onde se virar. Eu desde que conheci a história da vida do Buda nunca tive grandes dúvidas, a base do meu caminho nesta vida é o Budismo.
Algumas pessoas sentem-se mais ligadas aos aspectos mais esotéricos do Budismo, a rituais e a crenças. Mas o Sagara, que é Budista, parece a pessoa menos religiosa que conheço. No sentido mais usual da palavra.
Para escolher um caminho, além de ter que fazer sentido intelectualmente, é fundamental ter em conta o que ele fez à pessoa que o sugere. Talvez tenha um efeito semelhante em nós.
A concentração, clareza de discurso, bom humor e abertura de espírito do Sagara quase que nos deixam iluminados só com o curso!
A forma como propões o Octuplo Caminho, faz todo o sentido intelectualmente. Voltei a meditar regularmente e sinto-me orientado e com vontade de participar num retiro.
Quem por vezes sente que a vida não tem sentido, quem se identifica com a filosofia do yoga mas não é dado a crenças e em particular não acredita em Deus, tem que fazer um curso com o Sagara!
Há tantas religiões, filosofias, espiritualidades... E tanta gente desorientada, sem saber bem para onde se virar. Eu desde que conheci a história da vida do Buda nunca tive grandes dúvidas, a base do meu caminho nesta vida é o Budismo.
Algumas pessoas sentem-se mais ligadas aos aspectos mais esotéricos do Budismo, a rituais e a crenças. Mas o Sagara, que é Budista, parece a pessoa menos religiosa que conheço. No sentido mais usual da palavra.
Para escolher um caminho, além de ter que fazer sentido intelectualmente, é fundamental ter em conta o que ele fez à pessoa que o sugere. Talvez tenha um efeito semelhante em nós.
A concentração, clareza de discurso, bom humor e abertura de espírito do Sagara quase que nos deixam iluminados só com o curso!
A forma como propões o Octuplo Caminho, faz todo o sentido intelectualmente. Voltei a meditar regularmente e sinto-me orientado e com vontade de participar num retiro.
Quem por vezes sente que a vida não tem sentido, quem se identifica com a filosofia do yoga mas não é dado a crenças e em particular não acredita em Deus, tem que fazer um curso com o Sagara!
quarta-feira, abril 02, 2008
Vida
Eh, e um gaijo que pensa como eu acerca da vida! :-)
"All conditioned things are impermanent" - When one sees this with wisdom, one turns away from suffering. This is the path to purification. -
Buddha...
"All conditioned things are impermanent" - When one sees this with wisdom, one turns away from suffering. This is the path to purification. -
Buddha...
Moda
Olha que fixe, um gajo que pensa o mesmo que eu da moda :-)
Fashion is a form of ugliness so intolerable that we have to alter it every six months.
Oscar Wilde
Fashion is a form of ugliness so intolerable that we have to alter it every six months.
Oscar Wilde
quinta-feira, março 27, 2008
Consumo correcto e pornografia
Correcto no sentido de nos tornar mais conscientes, mais presentes, mais no aqui e agora, mais plenamente sábios e compassivos...
Há um aspecto em que o consumo de pornografia ou qualquer coisa que aumente o desejo sexual pode ser prejudicial. Se pretendermos seguir um caminho espiritual em que progressivamente nos tornamos mais tranquilos e conscientes, então não há grande interesse num consumo que nos agita...
E o mesmo se aplica à comida. Nunca achei razoável tornar-me vegetariano, pois parece-me mais difícil conseguir os nutrientes precisos sem comer carne e peixe. Parece-me mais razoável muito pouca carne e algum peixe. No entanto perdi totalmente a vontade de comer carne. Acho que este filme foi a última gota de agua: http://veg-tv.info/Earthlings
Bom, tudo tem consequências e aquilo que consumimos importa como é obvio...
Claro que é importante dosear o nível de controlo, deixando respirar o tigre. Se a energia sexual é demasiado controlada pode originar desvios.
Mas se é a inteligência que nos impede de viver no presente e nos faz levar a vida no passado e no futuro, também a podemos usar para exercer algum controle e manter o bicho satisfeito e calmo!
Há um aspecto em que o consumo de pornografia ou qualquer coisa que aumente o desejo sexual pode ser prejudicial. Se pretendermos seguir um caminho espiritual em que progressivamente nos tornamos mais tranquilos e conscientes, então não há grande interesse num consumo que nos agita...
E o mesmo se aplica à comida. Nunca achei razoável tornar-me vegetariano, pois parece-me mais difícil conseguir os nutrientes precisos sem comer carne e peixe. Parece-me mais razoável muito pouca carne e algum peixe. No entanto perdi totalmente a vontade de comer carne. Acho que este filme foi a última gota de agua: http://veg-tv.info/Earthlings
Bom, tudo tem consequências e aquilo que consumimos importa como é obvio...
Claro que é importante dosear o nível de controlo, deixando respirar o tigre. Se a energia sexual é demasiado controlada pode originar desvios.
Mas se é a inteligência que nos impede de viver no presente e nos faz levar a vida no passado e no futuro, também a podemos usar para exercer algum controle e manter o bicho satisfeito e calmo!
segunda-feira, março 17, 2008
Budismo e depressão
O budismo faz todo o sentido. Claro que só podemos ser felizes no presente, nada mais existe. Não vejo dogmas no nobre caminho óctuplo É apenas um mapa extremamente lógico e útil. Que nos orienta agora a seremos felizes e a melhorar o nosso estado geral de felicidade. É preciso praticar o caminho. Usar o mapa.
Mas e naqueles dias em que tudo parece cinzento e não conseguimos pôr nada em prática? O que causa mais sofrimento? Será a depressão ou o desejo forte de nos livrarmos dela? O que fazer quando nada resulta?
Felizmente há alturas em que fico profundamente deprimido. E não consigo fazer rigorosamente nada para abandonar esse estado, ou para outro efeito qualquer. Às vezes digo a mim próprio, em alturas melhores: se voltar a acontecer vou fazer apenas isto, algo simples, para não me esquecer. Mas nunca resulta. Não me lembro. Talvez escrevendo num papel... Não dá. O problema é que tudo muda e o que resulta hoje não resulta amanhã. É como com as crianças. É preciso ser flexível. Mas como ser flexível quando se está deprimido e não se consegue fazer nada?
Felizmente também, as minhas "depressões" não duram muito. O melhor a fazer é esperar que passem. Mas até isto esqueço nessas alturas. Parece que nunca vai passar. Quando o lume está a arder é fácil dirigir a chama. Mas e quando falta a faísca que o acende?
O que me ajuda? O Budismo. É natural existir insatisfação. É o dukkha. Sem sofrimento não pode existir compaixão pois não se tem oportunidade de sentir o que os outros também sentem. Por isso a "depressão" é de certa forma uma coisa útil.
Mas também é tão horrível. Especialmente quando não parece haver causa nenhuma além do dukkha. E por vezes procuramos inventar uma causa mais aceitável.
Aceitar o sofrimento como sendo algo natural em vez de uma doença, é então a primeira coisa que me ajuda. Além da aceitação é sentir que não tenho que fazer nada. É esperar que se auto-cure, como acontece com as feridas.
Finalmente, é uma oportunidade para investigar o sofrimento. Que de facto, devido ao sofrimento, não consigo aproveitar...
Resumindo: aceitar, esperar que passe e se possível investigar enquanto dura.
Pra próxima tenho que me lembrar disto...
Mas e naqueles dias em que tudo parece cinzento e não conseguimos pôr nada em prática? O que causa mais sofrimento? Será a depressão ou o desejo forte de nos livrarmos dela? O que fazer quando nada resulta?
Felizmente há alturas em que fico profundamente deprimido. E não consigo fazer rigorosamente nada para abandonar esse estado, ou para outro efeito qualquer. Às vezes digo a mim próprio, em alturas melhores: se voltar a acontecer vou fazer apenas isto, algo simples, para não me esquecer. Mas nunca resulta. Não me lembro. Talvez escrevendo num papel... Não dá. O problema é que tudo muda e o que resulta hoje não resulta amanhã. É como com as crianças. É preciso ser flexível. Mas como ser flexível quando se está deprimido e não se consegue fazer nada?
Felizmente também, as minhas "depressões" não duram muito. O melhor a fazer é esperar que passem. Mas até isto esqueço nessas alturas. Parece que nunca vai passar. Quando o lume está a arder é fácil dirigir a chama. Mas e quando falta a faísca que o acende?
O que me ajuda? O Budismo. É natural existir insatisfação. É o dukkha. Sem sofrimento não pode existir compaixão pois não se tem oportunidade de sentir o que os outros também sentem. Por isso a "depressão" é de certa forma uma coisa útil.
Mas também é tão horrível. Especialmente quando não parece haver causa nenhuma além do dukkha. E por vezes procuramos inventar uma causa mais aceitável.
Aceitar o sofrimento como sendo algo natural em vez de uma doença, é então a primeira coisa que me ajuda. Além da aceitação é sentir que não tenho que fazer nada. É esperar que se auto-cure, como acontece com as feridas.
Finalmente, é uma oportunidade para investigar o sofrimento. Que de facto, devido ao sofrimento, não consigo aproveitar...
Resumindo: aceitar, esperar que passe e se possível investigar enquanto dura.
Pra próxima tenho que me lembrar disto...
segunda-feira, março 10, 2008
a great elephant in the deep forest
But if you do not find an intelligent companion, a wise and well-behaved person going the same way as yourself, then go on your way alone, like a king abandoning a conquered kingdom, or like a great elephant in the deep forest. - Buddha...
Um sonho
Um homem falava para um grupo de pessoas, estavam de pé numa colina com relva. Afastei-me a tentar que ninguém me visse. Não queria parecer mal educado. Palavras, ideias, crenças... Tudo é possível, só mesmo a abertura a todas as possibilidades. E assim consegui... Sem tentar encaminhar a minha descoberta, descobri. Descrobi como se faz para voar, como nos sonhos. É no momento em que se fica mais leve, que ao cair para a frente se desce lentamente, mas não se chega ao chão. A leveza e alegria fizeram-me subir mais, e subi para cima dos cabos electricos. São sempre um problema quando se levanta voo. Passei para o lado de cima e olhei para a colina que descia. Havia mais cabos electricos à frente. Não sei como voar para ali e mostrar às pessoas... e acordei. Afinal, mais uma vez, era num sonho que voava...
sábado, fevereiro 23, 2008
Libertar todos os seres do sofrimento
O que torna o budismo tão interessante no mundo ocidental é que não entra em conflito com o conhecimento científico, complementa-o. É o facto de o essencial no budismo ser desprovido de crenças. Existem aspectos a que se da mais ênfase numas culturas e outros noutras. No entanto o essencial faz sentido em qualquer lado. Por vezes vejo o budismo como a filosofia prática com o mínimo de pressupostos, que torna a vida com sentido. É bastante razoável aceitar que todos os seres sofrem e querem libertar-se do sofrimento. No livro "Buddhism without Beliefs", Stephen Batchelor defende que o budismo continua a fazer sentido mesmo sem as crenças que já existiam antes do Buda, nas sociedades agora budistas, como os renascimentos e coisas afins.
A observação do Buda de que aquilo que diz não é para ser aceite sem ser verificado antes, ou a do Dalai Lama que diz que se a ciência provar qualquer coisa que se oponha a um conhecimento budista então o budismo deve-se adaptar e assimilar os novos factos, são cruciais a meu ver. Note-se que, de qualquer modo, para ao menos experimentar o que diz o Buda, é preciso acreditar um pouco que talvez resulte. Para isso é preciso que me convença intelectualmente de que pode resultar ou é preciso que eu veja, olhando para ele, que com ele resulta.
Estou convencido de que um aumento da sabedoria e compaixão, no sentido budista, é favorável à minha felicidade e dos seres há minha volta. Não sei se posso beneficiar todos os seres apenas dedicando coisas ao beneficio de todos os seres. Mas acredito que se conseguir cultivar uma intenção autentica nesse sentido então talvez possa progressivamente transformar-me a mim próprio, numa pessoa mais calma, sábia e compassiva, ao lado de quem os outros se possam sentir bem. As pessoas à minha volta podem ser beneficiadas por isso. Pode-se gerar uma cadeia de eventos que beneficie muitos seres, não sei se todos.
Como é que uma pessoa se transforma? É escrevendo estas coisas num blog? Talvez também. Mas parece-me que a atenção plena durante o dia e a prática de meditação são por enquanto a melhor técnica que se conhece.
E o Prozac, que é mais rápido? Eheh. As drogas em vez de nos acordarem mergulham-nos num sonho ainda mais profundo.
Então a técnica é: observar e manter a calma. Praticar a observação na meditação sentada. E depois observar durante o dia as sensações, os pensamentos, as emoções. Procurar viver no presente em vez de mergulhado em recordações editadas ou filmes de um futuro sempre improvável. Isto sempre com moderação. Sem me julgar por não estar atento mais tempo, por não ser grande praticante. Vou fazendo o que posso, por vezes não é o melhor e noto apenas. É preciso gentileza a lidar também connosco próprios. Em caso de grande agitação emocional o melhor é não agir. Primeiro fazer pranayama, respiração abdominal. O abdómen distende e contrai, ficar só a observar isso. E depois de restablecer a calma, fazer qualquer coisa acertada.
E se quiseres criar companheiros de sangha, não tentes convence-los intelectualmente. Transforma-te que vêm ter contigo quando te virem. Não é tentando que as pessoas se tornem budistas que as podemos ajudar a libertarem-se do sofrimento...
sexta-feira, fevereiro 22, 2008
O uso da palavra
No budismo diz-se que se não podemos dizer algo que seja útil a alguém então mais vale manter "nobre silencio".
E ser útil aqui tem um significado claro. Tento aceite o axioma de que todos os seres sofrem, podemos então falar com a intenção de lhes diminuir o sofrimento.
Tudo isto faz sentido, mas... quem é que se limita a falar movido apenas por esta intenção? Falamos por falar, por vezes distraídos, e por vezes dizemos coisas que fazem os outros sofrer.
Acabei há pouco tempo de ler o livro Domar o Tigre, de Akong Tulku Rimpoché. Não se consegue domar o tigre à força. Tem que ser com delicadeza, por vezes deixando-o um bocadinho livre... E às vezes faz disparates. Mas é preciso aceitar e ir fazendo pequenos progressos...
E por vezes falamos sem pensar, e falamos por falar, nós que não somos budas, despertos que a todo o instante conseguem fazer o mais apropriado para ajudar a libertar os seres do sofrimento.
Não são muito poderosos, os budas, que não conseguem despertar os outros, mas apenas indicar-lhes um caminho para que eles o percorram a custo e acabem por despertar também...
É preciso algum controle no uso da palavra. Mas também é preciso soltar a intuição, ou o tigre, ou seja o que for de vez em quando, e por vezes as palavras que saem não são movidas pelas melhores intenções. Acontece, basta notar que acontece, não me julgar. Já sei que não sou perfeito, vou apenas continuar a investigar, a notar, talvez faça pequenos progressos.
Ah... às vezes ajuda escrever... clarifica o espírito. Se calhar devia escrever estas coisas num ficheiro em vez de um blog. Oh... nada a esconder, ninguém é forçado a ler. E é sempre possível que seja útil, sabe-se lá.
E ser útil aqui tem um significado claro. Tento aceite o axioma de que todos os seres sofrem, podemos então falar com a intenção de lhes diminuir o sofrimento.
Tudo isto faz sentido, mas... quem é que se limita a falar movido apenas por esta intenção? Falamos por falar, por vezes distraídos, e por vezes dizemos coisas que fazem os outros sofrer.
Acabei há pouco tempo de ler o livro Domar o Tigre, de Akong Tulku Rimpoché. Não se consegue domar o tigre à força. Tem que ser com delicadeza, por vezes deixando-o um bocadinho livre... E às vezes faz disparates. Mas é preciso aceitar e ir fazendo pequenos progressos...
E por vezes falamos sem pensar, e falamos por falar, nós que não somos budas, despertos que a todo o instante conseguem fazer o mais apropriado para ajudar a libertar os seres do sofrimento.
Não são muito poderosos, os budas, que não conseguem despertar os outros, mas apenas indicar-lhes um caminho para que eles o percorram a custo e acabem por despertar também...
É preciso algum controle no uso da palavra. Mas também é preciso soltar a intuição, ou o tigre, ou seja o que for de vez em quando, e por vezes as palavras que saem não são movidas pelas melhores intenções. Acontece, basta notar que acontece, não me julgar. Já sei que não sou perfeito, vou apenas continuar a investigar, a notar, talvez faça pequenos progressos.
Ah... às vezes ajuda escrever... clarifica o espírito. Se calhar devia escrever estas coisas num ficheiro em vez de um blog. Oh... nada a esconder, ninguém é forçado a ler. E é sempre possível que seja útil, sabe-se lá.
quarta-feira, fevereiro 20, 2008
The finger pointing at the moon is not the moon
Esta celebre frase de Thich Nhat Hahn...
Mas temos sempre tendencia a ficar a olhar para o dedo.
Tenho andado a pensar que existe uma vertente mais cientifica do budismo, a que mais se ajusta a mim, e existe outro budismo, com as suas crenças. Ocorre-me sempre a ideia do Buda de não acreditar em nada sem verificar...
Mas de facto é preciso acreditar um bocadinho que talvez funcione, ao menos para por à prova. Convençam-me intelectualmente. Faz sentido? Ok, então vou testar. Senão como começaria a meditar?
Mas renascimentos, milagres, deus... Simplesmente não é o dedo que me mostra a direcção da lua. Não a mim, mas pode mostrar a muita gente.
Mas o que é mesmo preciso é esquecer o dedo, os dedos, e procurar ver para onde apontam...
Observar, observar, não julgar, não querer mudar nada, apenas notar... Faz sentido, vou continuar...
Mas temos sempre tendencia a ficar a olhar para o dedo.
Tenho andado a pensar que existe uma vertente mais cientifica do budismo, a que mais se ajusta a mim, e existe outro budismo, com as suas crenças. Ocorre-me sempre a ideia do Buda de não acreditar em nada sem verificar...
Mas de facto é preciso acreditar um bocadinho que talvez funcione, ao menos para por à prova. Convençam-me intelectualmente. Faz sentido? Ok, então vou testar. Senão como começaria a meditar?
Mas renascimentos, milagres, deus... Simplesmente não é o dedo que me mostra a direcção da lua. Não a mim, mas pode mostrar a muita gente.
Mas o que é mesmo preciso é esquecer o dedo, os dedos, e procurar ver para onde apontam...
Observar, observar, não julgar, não querer mudar nada, apenas notar... Faz sentido, vou continuar...
segunda-feira, fevereiro 11, 2008
A vida de Buda
Há quase três anos que vi este documentário. Não sabia nada sobre budismo, nunca me interessei muito por religião. Na verdade tinha uma até certa aversão pela palavra. Significava acreditar em coisas só porque me diziam. Era o oposto da ciência. Era assim até ver este documentário. Se Budismo também é religião então a palavra quer dizer outra coisa. Uma das coisas mais apropriadas para estes tempos que o Buda disse foi qualquer coisa do género: não acredites no que ouves, mesmo que seja eu a dizer-te, experimenta, verifica se ter serve, se te servir usa, se não servir não uses.
Este documentário fez surgir o "Ah!". Desde ai não parei de ler sobre budismo. Continuo ainda hoje. Eu lia de vez em quando, mas nunca fui de ler muito, por vezes até me esforçava um bocadinho por ler. Agora sinto esta forte atracção por livros sobre budismo. Normalmente nem quero que o livro que estou a ler termine. Muitas vezes leio as mesmas coisas que estou farto de saber mas continuo a gostar de as ler...
A minha prática formal não tem sido regular. Por exemplo agora estou a fazer uma meditação de kundalini de quarenta dias. Não é muito budista. Mas mantenho a prática da atenção plena durante o dia. Às vezes distraio-me mas depois volto a notar as sensações, emoções e pensamentos a surgir, a surgir e a desaparecer.
Noto os meus erros. Olho para trás e vez erro após erro: arrogância espiritual, o estar convencido que sou aquilo que quero ser, as emoções negativas que já não encontro em mim porque não quero encontrar, etc. E os progressos: o conhecimento e a calma que progressivamente aumentam, não o conhecimento intelectual, mas aquele que vem de dentro. Aparentemente nada muda, mas a consciência das minhas virtudes e limitações é o que importa...
Aprendi como é importante ter a humildade de olhar para mim próprio como uma criança e reconhecer que não me conheço, que tenho muito a aprender, que a negatividade que vejo nos outros também existe em mim. Que posso ficar mais puro...
E também aprendi que posso sentir-me bem neste momento, a dedicar atenção a todas as pequenas coisas que faço, sem estar à espera de uma felicidade num futuro iluminado.
Descanso no equilíbrio entre o contentamento de fazer um bocadinho por mim e pelos outros e o descontentamento de não estar a fazer melhor...
Descanso na confiança de que se tudo mudar drasticamente, devo acabar por me habituar, assim como me adapto a cada mudança em cada instante...
Descanso no equilíbrio entre o sossego da vida que levo e o permitir que coisas novas entrem nesta vida...
Descanso no equilíbrio de saber que existe por um lado aquilo que posso controlar e por outro a adversidade que não se controla...
Descanso...
Este documentário fez surgir o "Ah!". Desde ai não parei de ler sobre budismo. Continuo ainda hoje. Eu lia de vez em quando, mas nunca fui de ler muito, por vezes até me esforçava um bocadinho por ler. Agora sinto esta forte atracção por livros sobre budismo. Normalmente nem quero que o livro que estou a ler termine. Muitas vezes leio as mesmas coisas que estou farto de saber mas continuo a gostar de as ler...
A minha prática formal não tem sido regular. Por exemplo agora estou a fazer uma meditação de kundalini de quarenta dias. Não é muito budista. Mas mantenho a prática da atenção plena durante o dia. Às vezes distraio-me mas depois volto a notar as sensações, emoções e pensamentos a surgir, a surgir e a desaparecer.
Noto os meus erros. Olho para trás e vez erro após erro: arrogância espiritual, o estar convencido que sou aquilo que quero ser, as emoções negativas que já não encontro em mim porque não quero encontrar, etc. E os progressos: o conhecimento e a calma que progressivamente aumentam, não o conhecimento intelectual, mas aquele que vem de dentro. Aparentemente nada muda, mas a consciência das minhas virtudes e limitações é o que importa...
Aprendi como é importante ter a humildade de olhar para mim próprio como uma criança e reconhecer que não me conheço, que tenho muito a aprender, que a negatividade que vejo nos outros também existe em mim. Que posso ficar mais puro...
E também aprendi que posso sentir-me bem neste momento, a dedicar atenção a todas as pequenas coisas que faço, sem estar à espera de uma felicidade num futuro iluminado.
Descanso no equilíbrio entre o contentamento de fazer um bocadinho por mim e pelos outros e o descontentamento de não estar a fazer melhor...
Descanso na confiança de que se tudo mudar drasticamente, devo acabar por me habituar, assim como me adapto a cada mudança em cada instante...
Descanso no equilíbrio entre o sossego da vida que levo e o permitir que coisas novas entrem nesta vida...
Descanso no equilíbrio de saber que existe por um lado aquilo que posso controlar e por outro a adversidade que não se controla...
Descanso...
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