O que é que me aconteceu afinal? Vi um programa de televisão sobre a vida de Buda. Fiquei estupefacto por constatar que há dois mil e quinhentos anos exitiu um individuo que pensou de forma tão semelhante à minha e partiu da situação em que eu estava. Quero conhecer budistas. O mais próximo que encontro é ioga e meditação. Aulas de ioga, meditação, já não sou a mesma pessoa. Levarei isto demasiado a sério? Uma paixão, o ioga, o renascimento. Vivo sem stress, despreocupado. O futuro não me preocupa, não espero nada, não desejo nada. Estou por aqui, descansado. Não me importa se vivo, se morro, e assim sinto-me bem. Tanta leveza. Onde irei pousar? Quem me dera ficar sempre assim, a pairar, até desaparecer subitamente.
Sinto o corpo, o alinhamento do corpo quando caminho. Como pouco, devagar, a fome não me incomoda, evito comer, como apenas para evitar problemas de nutrição, perco peso, e quero perder peso. Medito. Procuro o lago tranquilo, o fim da razão, a experimentação directa, a iluminação? Não sei se procuro alguma coisa. Estou simplesmente por aqui, a caminhar, sem pressa.
Escrevo sem pensar, não quero pensar. Não falo da mesma forma com as pessoas. Já não me protejo. Cada vez temo menos o ridiculo, enfraqueço o ego, sinto-me livre. Escrevo o que me apetece, não temo julgamentos. Basta-me ser sincero, considerem-me ingenuo, ridiculo, pouco me importa. Quero apenas ver as pessoas como semelhantes, toca-las directamente. Boa intenção, sem medo.
Ioga e meditação, para alguém predisposto, tanta mudança em tão pouco tempo. É pena não ter vindo parar aqui mais cedo. Uma caminhada a passos largos e serenos. Onde irei parar? Irei parar?
O carvalho no jardim
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