sexta-feira, novembro 20, 2009
Espiritualidade
terça-feira, novembro 10, 2009
Originalidade
No mundo académico todos procuram escrever algo que seja original. E então por isso amontoam-se artigos, a maior parte inúteis e sobre problemas particulares, muitos deles inventados.
Quando é que algo que escrevemos é original? Basta que se sinta ou será preciso verificar se já está publicado em alguma revista científica internacional?
Deve ser preciso um estado meditativo muito profundo para verificar que algo é criatividade e não repetição de algo que surgiu em toda a nossa experiência até este momento. Hoje estou-me a rir de mim próprio...
Um poema de Bashô:
“Olhe cuidadosamente
A Nazuna desabrocha
Ao longo da cerca – Ah!”
Repito este para mim muitas vezes. Um dia vou saber o que diz e vai ser um poema original meu.
segunda-feira, novembro 09, 2009
Para quê meditar?
Para quê meditar, ficar sentado sem fazer nada, se há tantas coisas interessantes para fazer?
Mas o que é realmente interessante? Quando fazemos as coisas que nos apetecem não estaremos a agir determinados pelos condicionamentos criados por toda a nossa experiência passada até este momento? Será possível sair deste total determinismo que nos leva a seguir automaticamente os nossos "quereres"? Haverá realmente possibilidade de ser livre?
Poderemos mesmo ao meditar decompor e observar todo o processo mental, deste os impulsos que nos levam a fazer coisas, às consequentes reacções de apego, aversão, e agir sobre este processo, escolhendo o que fazer, ou não fazer?
Quando me forço a ficar sentado sem fazer nada não estarei afinal a investigar a possibilidade de ser realmente livre?
quinta-feira, novembro 05, 2009
Falar sobre meditação
quarta-feira, novembro 04, 2009
Siddhartha de Hermann Hesse
Li ontem este livro, que aparentemente toda a gente já leu, pela primeira vez. Hoje apeteceu-me escrever aqui o que me vier à cabeça, sobre o livro.
Siddhartha viveu nos tempos de Gotama, o Buda. Não acreditava em doutrinas, nem em mestres. Foi um culto brâmane, depois um samana da floresta, um pedinte, a seguir um mercador rico e finalmente foi viver com o barqueiro na sua cabana, e aprendeu a ouvir o rio. E depois apareceu lá o seu filho e aprendeu a amar. O filho partiu e aprendeu a sofrer a perda de um ser amado. E assim compreendeu o “povo de crianças” em relação ao qual antes se sentia superior.
Um dia ouviu o Buda expor a sua doutrina, que achou perfeita. No entanto aprendeu mais a olhar para o Buda, para a sua serenidade, do que com a sua doutrina. O seu amigo Govinda resolveu deixar Siddhartha e seguir o Buda, mas ele não o fez. Foi para a cidade, onde viveu vinte anos, e conheceu a bela cortesã Kamala pela qual se tornou rico. Na cidade esvaziou-se completamente a sua alma, chegando à beira do suicídio, mas foi salvo pelo som do Om que veio de dentro de si, quando se ia atirar ao rio.
Siddhartha aprendeu com todas estas experiências ao longo da sua vida, e acabou por encontrar a paz que sempre procurou, numa vida simples, a escutar o rio.
O seu amigo Vasudeva, o barqueiro, parece ter passado a vida junto ao rio e tornou-se um santo, como o Buda.
Govinda, o amigo de Siddhartha, nunca encontrou a paz, apesar de aplicar a doutrina do Buda, que ajudou milhares a despertar.
A história da vida espiritual do Siddhartha é das coisas mais belas que alguma vez li.
Também achei linda a história das outras personagens, como pessoas diferentes têm caminhos diferentes. O barqueiro Vasudeva que atingiu a paz com uma vida simples. Os que beneficiam com doutrinas, os que as seguem e não beneficiam, os que não as seguem. Os que precisam de experimentar todos os caminhos para ver por si próprios que não lhes servem, os que não precisam de experimentar pois acreditam em algo simples, como a sabedoria de um rio.
O livro não diz só isto. Mas foi o que me deu vontade de escrever.
E cada pessoa segue o seu caminho...