sábado, março 03, 2007

Sacrifício e culpa

O culto da culpa judaico-cristão está de tal forma incutido que às vezes nem dou pela sua acção. Parece absurdo, mas por vezes acho que sinto culpa por me sentir bem. Acho que é tipo "não deveria estar a esforçar-me mais, sacrificar-me por qualquer coisa?". Como se devesse abdicar de me sentir bem para fazer algo por alguém.


No budismo as coisas são tão mais naturais e lógicas. Não me parece que haja esta coisa do sacrifício, a ideia é mesmo sentirmos-nos bem. Faz-se pequenas coisas pelos outros com alegria, e sabendo que a sua alegria tem como consequência a nossa, simplesmente porque é gratificante sentir alegria à nossa volta.


Por exemplo, tantas vezes que danço com mulheres velhas, feias, transpiradas e mal cheirosas, e sinto-me bem, feliz. Não há sacrifício da minha parte para que a senhora fique alegre, basta um olhar desarmado que encontra um olhar que também desarma e ficamos ambos felizes, somos iguais... e dançamos. Isto se calhar não é um bom exemplo, mas o que quero dizer é que podemos fazer coisas boas sem nos sacrificarmos, bastando para isso ter a inteligência de encontrar nelas alegria. E é bom que nos sintamos bem a fazer coisas boas, não tem lógica sentirmos-nos culpados por isso. Não é preciso perder quando se dá, pode-se sempre ganhar... se nos conhecermos o suficiente é assim que as coisas funcionam.


E porque é que estou a escrever isto? Ah, porque estou para aqui sozinho num país estranho e sinto-me bem... Será que tenho algum problema? Tenho que me esforçar mais? :-)

6 comentários:

Avusa disse...

Sabes Luís, deparo-me com a mesma questão no meu curso de Shiatsu. Tanto massajo mulheres como homens. Mulheres bonitas, mulheres feias, homens gordos, magros, etc… e sinto uma coisa apenas. Igualdade na intenção!!!

Não vou ser hipócrita e dizer que tanto me faz, massajar uma mulher ou um homem. Mas apartir do momento em que me proponho a o fazer, a intenção é igual...

Imhotep disse...

Interessante, eu também já pensei isso em relação a massagens. Mas apesar de intenção essencial ser a mesma, proporcionar o bem estar e relaxamento numa massagem, o libertar o corpo e alegria na dança, também aparecem mais coisas, é um facto.

É natural apreciar a beleza de uma mulher bonita que dança e faz gestos sensuais, há um certo encantamento, por vezes, e é bom.

E na massagem também é agradável apreciar a beleza de um corpo, e não tem mal nenhum.

Acho que cada experiencia é rica e composta de diversas coisas, e não há razão para negar algumas.

Mas claro, a boa intenção é o mais importante.

No extremo oposto está o gaijo que dança ou massaja pra conseguir algum prazer sexual a apalpar as senhoras! :-)

Abraço

Luís

sa.ra disse...

vim atrás do nome... tenho este ponto fraco... leio um nome egípcio e pronto... pareço um burro atrás da cenoura!

é um nome de grande responsabilidade!
os egipcíios compunham os seus nomes em função do seu projecto de vida... e este é obra!

... pronto, li Imhotep e não resiti!

vou voltar!
gostei deste lugar!

beijo
dia muito feliz!

ISABEL Mar disse...

só mesmo vocês os dois pra discutirem este tipo de coisas deste modo tão ... puro e simples ... obrigada por me fazerem riiiiiir, riiiiir, riiiir às gargalhadas ...
bom, acho que estou a precisar de uma massagem e de dançar ... ;) pode ser? está provado, afinal o problema não está em mim, está no budismo; para se ser budista é preciso ser-se louco; ou é depois de entrar a fundo na meditação que se fica louco? hahaha ... mas é tão booom

Om-Lumen disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Om-Lumen disse...

"Sacrifício e culpa".

É um peso que o estado de consciência, ou seja, o padrão vibratório da humanidade carrega consigo.

Quando unificamos o nosso movimento ao movimento maior, sustento de cada partícula em experimentação, a forma exterior que ocupa um lugar ilusório para o ser profundo, desintegra-se, para que possamos tocar a essência do respirar.
Nesse momento o amor é original e amamos a luz onde todos estão verdadeiramente.

Referente às massagens, cada um de nós ama a forma de maior afinidade com o seu arquétipo polar de beleza.
Há formas físicas densas, mulheres, que são belas pela luz que irradiam.

Um abraço amigo.

Om-Lumen