quinta-feira, maio 24, 2007

Pesadelo


Estava no hospital, deitado e a soro. A certa altura a tensão no meu braço aumentou e o sangue começou a subir pelo tubo do soro. Eu sabia que só tinha que relaxar o braço ou então retirar a agulha. Mas não conseguia fazer uma coisa nem outra e estava a morrer. Apareceu uma enfermeira, olhou para mim mas não ligou muito. Não sei se não lhe pareceu importante ou se não sabia o que fazer...

Às vezes não é possível retirar a agulha e nem ao menos conseguimos relaxar o braço...

Visão estreita

Todos temos problemas e tendência a olhar para os problemas sempre sob a mesma perspectiva. Recordo-me agora de uma ideia do Dalai Lama: é muito difícil que algo seja mau sob todas as perspectivas.

No entanto os mesmos pensamentos sucedem-se, as perspectivas são as mesmas. Normalmente temos a habilidade de escolher aquelas que mais nos fazem sofrer e que em nada contribuem para a resolução do problema.

Talvez seja esta forma de funcionamento da mente que esteve na causa dos piores eventos na história da humanidade. Perde-se a visão do conjunto, a noção do que é realmente importante e do que é acessório. E fica-se preso a uma ideia, a um pensamento, a uma perspectiva entre inúmeras outras possíveis para as quais estamos cegos: seja a superioridade da raça ariana, por exemplo.

Às vezes ao fim do dia a visão estreita surge em mim, foi assim ontem à noite. A minha mente fica menos clara, perco a visão do conjunto, já não sei o que é importante, sou um ser triste, que sofre desamparadamente, incapaz de dirigir a atenção para os diversos pontos que constituem a experiência do momento, agarrado a uma perspectiva única que me faz sofrer, que se auto alimenta e não morre...

Esta manhã, olhando para o céu, vi o universo, a minha visão alargou-se. As pessoas à minha volta desejam apenas ser felizes. Eu desejo ser feliz. Não há nada que me faça mais feliz que ver sorrisos de felicidade à minha volta. Tudo o resto é acessório... é tão simples. Contribuir um pouco para a felicidade de quem me rodeia ou, se isso não for possível, manter "nobre silêncio".

Porque razão é tão difícil recordar em certas alturas que "é muito difícil que algo seja mau sob todas as perspectivas" e que "a única coisa que interessa é que as pessoas sorriam de felicidade"?

Portas abertas

Posso estar aqui e manter as portas abertas sem medo de que ao olhar para outras direcções possa ter vontade de ir para outro lugar e abandonar este, que é seguro. Será que mesmo assim posso estar aqui em pleno? Ou para isso será preciso colocar uma venda nos olhos que não me deixe ver a mais que uns metros de distância. É assim tão difícil ser livre?

O equilíbrio é delicado, como em tudo o mais. Se fico aqui, cego para tudo o resto, sufoco neste lugar, apodreço. Se me perco a pensar que podia estar em outro lugar qualquer, já não estou aqui, em pleno, vivo em sonhos.

É por isso que uma abertura total é difícil e existe a tendência a agarrar qualquer coisa e ficar neste lugar seguro. Numa abertura total, num amor universal, todos os lugares são bons. Como escolho onde ficar? Vou perder o meu lugar seguro? Perder o "eu"?

Estou cansado deste yo-yo, deste abre e fecha. Quero estar aqui em pleno e sem medo de mudar de lugar! Quero expor o meu peito à mais terrível punhalada... e constatar que afinal o ego não passa de uma membrana permeável que o punhal nunca pode atingir...

terça-feira, maio 22, 2007

Experiencing Heart

Também costumo ler a newsletter do Buddhism Connect, lembrei-me de partilhar aqui as minhas duas subscrições yogi/budis:

"[...] It is very important to realise that the whole of the path of the Dharma is for releasing the 'heart' or rather that which we refer to as 'heart' - not the conceptual construct or ideas we have about it but what it is in itself [...]"

[texto completo/subscrição gratuita]

segunda-feira, maio 21, 2007

impermanence

Costumo ler a newsletter do yoga journal. Gostei particularmente da de hoje, sobre impermanência:

"As the Buddha said, impermanence is the nature of the human condition. This is a truth we know in our minds but tend to resistin our hearts. Change happens all around us, all the time, yet welong for the predictable, the consistent. We want the reassurance that comes from things remaining the same.

...

we can live to the fullest when we recognize that our suffering is based not on the fact of impermanence but rather on our reaction to that impermanence."


[texto completo/subscrição gratuita]

sexta-feira, maio 18, 2007

happiness

"I believe that the purpose of life is to be happy. From the moment of birth, every human being wants happiness and does not want suffering. Neither social conditioning nor education nor ideology affect this. From the very core of our being, we simply desire contentment." Dalai Lama

Desde o nascimento, cada ser humano quer ser feliz e não quer sofrer...

Por algum motivo foi esta ideia tão simples que me tornou budista. Sinto que é essencial... Na interacção com outros seres humanos, se alguma coisa negativa em mim surge e consigo ligar logo a esta ideia, toda a negatividade se dissipa... é como eu: apenas quer ser feliz e não sofrer.

No entanto, esta e outras ideias tão simples, que para mim significam tanto, por vezes quando as digo a outras pessoas, vejo que para elas nada significam
e dizem algo como: isso para mim não é novo, já sabia isso...

Posso transmitir a ideia, mas não o efeito que ela em mim provoca... Mas não importa, se me continuar a transformar a mim próprio, pode ser que um dia possa passar o efeito aos outros mesmo sem dizer grande coisa. Cada pessoa precisa ouvir algo diferente. A minha esperança é que, conhecendo-me cada vez mais a mim próprio, fique mais sensível e aberto aos outros e perceba o precisam de ouvir.

Se cada um escrever nos blogs o que o toca, talvez mais pessoas sejam tocadas! :-) Não sei se respondi ao teu desafio Sara.


Beijinhos e bom fds.

Luís