quarta-feira, setembro 14, 2011

O "eu" e o "meu"


Ver as coisas como elas são, sem adicionar o "eu" e o "meu".

Isto é particular útil nos momentos de contracção emocional ou sofrimento.

É notável o que acontece quando se passa do "eu sofro" para o "existe sofrimento".

Quando não nos sentimos bem está lá o "eu" que não se sente bem. É uma sensação, está lá. E é um alívio quando se percebe isso. É um alívio imenso quando se muda para "existe sofrimento".

Onde está o "eu"? A sensação está lá? Isto chega a ser divertido...


quinta-feira, setembro 08, 2011

Yoga Artístico


No mundo do yoga existem inúmeras escolas, mestres, linhagens, métodos, estilos. Há yoga para todos os gostos. Na prática de posturas há estilos mais estáticos em que abundam permanências e outros mais dinâmicos. A prática pode ser fisicamente leve ou extremamente exigente.


Há todo o tipo de religiões, filosofias e crenças associadas ao yoga. Num extremo existem as práticas extremamente esotéricas, o mundo pode estar povoado de deuses, energias, mantras e cores mágicas ou palavras sagradas. Noutro extremo há a prática em que se procura apenas estar presente, atento ao que está a acontecer. Em qualquer caso, uma das poucas coisas que parecem consensuais no yoga é que deve existir algum trabalho mental, ou espiritual, e não apenas físico.


Apesar de muitas escolas de yoga estão associadas a religiões ou filosofias, usualmente Hindus e Budistas, existem algumas mais abertas que não estão associadas a uma filosofia particular. Eu gosto de pensar que pelo menos o essencial da ética dos Yoga Sutras e do Caminho do Meio Budista, é algo comum às várias escolas. É pelo menos é esta a imagem do yoga que o Yoga Journal nos dá do yoga em geral.


É extraordinária a quantidade de designações de yoga existentes. Muitas designações parecem ser usadas por várias pessoas e desenvolvidas ao mesmo tempo de forma independente, como o Power Yoga ou o Acro-Yoga. Ainda agora pesquisei “Artistic Yoga” no Google e apareceu uma página do Bharat Thakur, como criador do Yoga Artístico (http://www.artisticyoga.com). Talvez existam ainda mais criadores do Yoga Artístico. Seja como for parece existir muito trabalho com qualidade em torno no yoga desenvolvido por inúmeras pessoas ao longo de muito tempo.


Dois dos aspectos que me agradam na escola de Yoga Integral, onde fiz a formação como professor de yoga, são a abertura de não estar associada a nenhuma religião e o excepcional cuidado e trabalho em torno da prática de posturas de yoga. Já vi outras coisas muito diferentes nestes dois aspectos.


Costumo praticar coreografias do Yoga Artístico fundado pelo Estevez Griego, conhecido no mundo do yoga como Swami Maitreyananda (http://www.artisticyoga.org). É um estilo de prática, dentro do Yoga Integral, em que se pretende estabelecer uma ligação entre o yoga e a arte. Há estilos de yoga em que se praticam coreografias fixas, como no Asthanga Vinyasa. No yoga artístico são criadas coreografias apropriadas para cada praticante. O resultado natural é uma prática fluída e bonita. Nesta prática, individual, em pares ou em grupo, ao ritmo da música, existe muita magia, é uma forma de expressão artística e de estar plenamente no aqui e agora. O resultado pode apenas sentir-se belo ou ser realmente muito belo, como mostram esta mulher e este homem.


Existem há muitos anos campeonatos de Yoga Desportivo. Além de método de prática, o Yoga Artístico, pela sua beleza, presta-se naturalmente para demonstrações e para estas “competições”. Surge assim o Yoga Desportivo. Pretende-se que a avaliação nestes campeonatos não seja como nos outros desportos. Como eu entendo, o espírito é mais de comemoração e partilha do que competitividade. Pretende-se que a avaliação seja espiritual. É assim por exemplo mais importante a alegria demonstrada pelo participante do que a sua flexibilidade. Claro que na prática não se pode definir como ou fazer objectivamente uma avaliação espiritual das pessoas, e assim avaliam-se as coreografias procurando ter em conta a espiritualidade. Mas na verdade, do meu ponto de vista, não importa muito quem ganha, se a atitude for apropriada todos ganham.


Ainda só participei em dois campeonatos mas conto participar em breve no campeonato Europeu de Yoga Desportivo, que já é o 13º e vai ser na Bulgária. Engraçado que, como a maior parte das pessoas interessadas por yoga, comecei por achar os campeonatos de yoga um perfeito disparate. O problema é que estamos muito centrados na cabeça. Claro que não é nada assim, como se pode ver por estes filmes do Campenato Português de Yoga Desportivo, foi o primeiro e realizou-se este ano em Aveiro: http://www.youtube.com/yogaarte. Na foto está a minha pequena yogi, que também participou.