sexta-feira, junho 23, 2006

Para uma mente tranquila

...O fim último é moksha ou libertação... um estado mental em que todas as emoções mentais penosas e grosseiras são completamente irradicadas. Moksha ou nirvana é uma qualidade mental. E finalmente temos o estado de Buda. Uma vez a mente e a consciência plenamente desenvolvidas e despertas, sem quaisquer obstáculos, o estado de mente búdica é atingida: a isso chamamos iluminação. É também uma qualidade mental.

...O objecto a ser transformado é a mente, o sujeito da transformação é também a mente e o estado transformado resultante é também a mente. Algumas pessoas descrevem o Budismo com uma ciência da mente. Parece-me apropriado explicá-lo assim.

...A nossa mente só pode ser transformada através da meditação. Há dois tipos de meditação: a analítica e a unidireccionada.

...A meditação analítica destrói a negatividade. Vipassana, ou uma particular intuição, é um tipo particular de meditação analítica... Através da meditação unidireccionada (shamatha), canalizamos toda a energia mental.

...A meditação analítica é em si mesma de dois tipos. Um é como a compaixão ou a fé. A própria mente é transformada em karuna ou compaixão. A outra meditação analítica é compreender a impermanência ou vacuidade, como objectos a serem reconhecidos.

...O reconhecimento da verdade última ou da natureza última de todos os fenómenos influencia directamente as emoções negativas, pois, geralmente, todas as emoções negativas se baseiam na percepção de que as coisas possuem uma existência independente...

Dalai Lama

segunda-feira, junho 19, 2006

Desapego e passado

Uma das coisas que me agrada no budismo e no yoga é a pouca importância que dão ao passado. Tentar explicar os pensamentos e emoções que surgem no momento presente, olhando para o passado, é como tentar perceber qual foi o movimento da matéria até chegar ao ilusório mundo das formas que neste momento percepcionamos. É impossível e inútil.

O passado não interessa, só interessa quando ocorre no presente. Mais vale estar atento a cada momento de modo a poder observar uma emoção ou pensamento negativo, no momento em que surge, quando ainda é fraca, e não a alimentar... e continuar a cultivar a serenidade, a sabedoria e a compaixão.

Ao pensar que somos produto do nosso passado, vemos-nos como algo que existe por si só, independentemente de tudo o resto, um eu permanente que se foi construindo. Limita-nos, condiciona-nos, não nos permite acreditar. Mas não tem que ser assim. Podemos partir de onde estamos... sempre. Não interessa comparar com o passado, não é útil. Não temos passado, o passado não existe. Podemos desapegar-nos do passado e ter um começo totalmente limpo em cada instante.

Adeus Freud, olá Buda!

sábado, junho 17, 2006

A meditação do amor

Acho que todos amamos várias pessoas. Mas também acho que o amor e apego andam sempre juntos. Como ver o amor? Só o amor? O mais natural é querer contribuir para a felicidade das pessoas que amamos, estar lá. Mas este "querer" não permite ver a pureza do amor.

Visualizo uma das pessoas que amo feliz, uma felicidade serena, autêntica. Brincamos e sorrimos num jardim, ingenuamente, muita alegria, uma alegria tranquila... Depois afasto-me e fico a olhar para ela, que continua a sorrir da mesma forma, e olha-me, parece haver gratidão naquele olhar. O lugar é silencioso, o tempo parece ter parado... Continuo a observar e continuo feliz pela felicidade dela, que sabe que ali estou, mas já não me olha... O meu estado de beatitude mantém-se inalterável... continuo alí, mas agora ela já não sabe, esqueceu que existo, observo-a na minha alegria serena. Finalmente saio da imagem, totalmente, já nem observo, já não existo, e continuo feliz apenas por sentir a felicidade daquela pessoa que amo... Já não quero nada, e a minha felicidade é o amor, já não há apego, fundi-me com o amor... A sensação é arrebatadora, um nó na garganta, o peito inflamado, lágrimas de amor... e depois paz, muita paz... já não há nada a temer, perdi tudo menos o mais importante, conservei o amor mais puro, já não preciso de mais nada... encontrei tudo em mim... encontrei o amor...

quinta-feira, junho 15, 2006

Gouveia - yoga para a felicidade

 

Foi no fim de semana passado, pessoas que não se conhecem, juntam-se num fim de semana de relaxamento, yoga, jogos e brincadeiras, pleno de paz.

Na sexta os jogos de apresentações. O objectivo é que as pessoas se conheçam, que saibam os nomes umas das outras. Fiquei meio desorientado, tantas pessoas, tanta informação, não decorei nomes quase nenhuns mas foi muito divertido. Tra-la-la, figuras ridículas, cómicas, muito fixe.

Sábado de madrugada, seis e meia, caminhada silenciosa, que termina num lindo oásis com muitas árvores e o pequeno coliseum ao meio com uma grande pedra num buraco. Aí fazemos yoga, a ouvir os cantos de muitos pássaros diferentes e a brisa. Respiração profunda, muito lenta, asanas simples, relaxantes...

De tarde ouvimos a Alice, que nos disse o essencial do yoga sutra do Patanjali, as causas de sofrimento e o caminho para a libertação do sofrimento. Depois coloco um resumo das palestras no blog, com a ajuda da Sofia.

No domingo foi tão fixe o teatro, rimos todos tanto, com vontade, gargalhadas verdadeiras. Sons e expressões, representação de improviso, quem conta um conto acrescenta um ponto, muito fixe.

As pessoas eram diversas em idades e muitas coisas. Todas interessantes. Falei mais com algumas. O Mário, o professor, com um discurso coerente e claro, vive o yoga, procura aproximar-se do samadhi pela linha que optou, que vê apenas como uma proposta, tem tanto para dar, tranquilo, é uma alegria conversar com ele. O Benigno, que parece adormecido em tanta paz, em silencio, mas que depois acorda e mostra grande inteligência e perspicácia, e um excepcional sentido de humor, "temos que sacrificar um". A Paula, uma super-yogui, um exemplo a seguir, atenta, clara, linda. E a Sofia, tanta bondade e autenticidade, é tão bom estar perto de uma pessoa assim, linda por dentro e por fora. Enfim, não vou escrever mais nomes, nem dizer mais coisas, mas houve tanto mais de bom.

Este encontro foi muito importante para mim. Fiquei a pensar que são coisas deste tipo que todas as pessoas do mundo deviam fazer. Juntarem-se com estranhos para relaxar e brincar. Isto desenvolve um humanismo autêntico. Acaba com "os outros". As pessoas podem juntar-se e ser felizes, não somos muito diferentes, é tão lindo. Foi mesmo muito bom...

Acrescenta coisas se leres isto, Sofia, talvez seja interessante reler, daqui a uns tempos... Posted by Picasa

sábado, junho 03, 2006

O Bill e os pombos

Verificação automática de sistemas concorrentes com base em modelos de autómatos e lógica temporal, aulas do mestrado, "a partir do momento presente é possível chegar a uma situação em que um determinado evento se torna verdadeiro, e assim continua, para sempre ou até um outro evento ocorrer"... E depois o curso de .NET, com as WebForms, C#, classes, objectos, HTML, server controls, eventos, XML, etc e muito sono... E bolonha e os artigos sobre ensino e a matemática, funções, integrais de superfície, fazer exames e mais exames, e a survey dos semigrupos e sempre as janelinhas do Bill Gates... que não me deixam dormir à noite, e aqui estou a olhar para elas... e de madrugada os pombos na janela também não, cantam tão mal... menos de quatro horas de sono... help!

Bom, isto acabou quase tudo, agora é recuperar, dormir, yogar... fica o registo da desgraça... bye Bill.